terça-feira, 23 de agosto de 2011

Banda Cavalo Doido no Hospício São Pedro* (1)

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- 2000* 
 Ano que  a  Banda Cavalo Doido  atravessou os Portais da loucura *
                                                                                  
                                                                             
...rotina...rotina...Partenon...Bento....calorão...rotina...rotina...zero hora...
bzzzzzzbzzzzzzzbzzzzzzzzbzzzzzzz...

2000 /Porto Alegre *
                                                                                                                                                               by/NecãoCast
                                                                                                    
O Verão começava a dar sua graça nas doutrinas de Porto Alegre, os dias e noites, começavam a desenterrar os arquivos do verão .

O Partenon , pela Bento , distribuía jornaizinhos do bairro com notícias limitadas .
Todos já estavam com o pé na estrada, esperando o fim de semana para ir  rumo ao Continente da praia  , para  encontrar-se , com o Nescau marítimo de nosso litoral.
Abría  a “Zero Hora” e não encontrava nada de interessante,...futebol...futebol... e + futebol !

O século 21 , já tinha chegado, meio cara dura com as fraldas sujas e a cara de bebê chorão .

Meu Deus do céu, fazer o que , comer churrasco, tomar chimarrão e engordar !

De vez em quando uma canção dos Beatles ao violão, pra viajar na barca do passado, e lamentar  a falta de decisão dos  jornalistas que só sonhavam em trabalhar na zero hora...zero hora...zero hora...bzzzzzzbzzzzbzzzz!

De vez em quando , passava na venda do seu  Vitorino , para comprar a  1ª do violão que sempre arrebentava quando a adrenalina chegava no auge.
Este era o quadro que eu observava pela janela de meu apê, afinal era o começo da linha  do Partenon  / Caldre Fião !
Num daqueles sábados, em que a gente não sabe o que  fazer, me aparece lá em casa , meu velho amigo de tantas batalhas / Jorge Hill !

Mas Que tal?  (-)    Necão , vou fazer uma apresentação no São Pedro.

Báh velho , parabéns ...como é que tu conseguiu convencer a Dona Eva Shoper,
a colocar uns e outros valvulados naquele palco, isto é que eu chamo de milagre!

Não , Necão, vou me apresentar com a banda no Hospício São Pedro .TCHÓIN !
O que,  no Hospício São Pedro ?  Sim vou botar pra rachar , “coisa de loco” !

Bota “cosa de loco nisso “!  Vê se aparece lá...vai ser na sexta que vem ,as 9 da noite.

O Jorge foi embora com sua bike, e fiquei pensando naquilo tudo

Minha mente começou a viajar, “puta merda” !
É um lance, nunca na história desse País , alguém, ou uma banda fez isso.
Eu acho que no mundo, ninguém tocou  para os loucos literalmente, em um hospício.


Nem o “Led” , nem os Stones, muito menos os Beatles, e as bandas de Porto Alegre, nem pensar , nunca ninguém teve este “peito”  !
O Jorge Hill,  vai romper uma barreira secularmente cristalizada.
Isto é jornalístico, literário, poético, social, a nudez de uma Banda,  finalmente chega à Porto Alegre.

Todas as teorias evolucionistas , deterministas , cairam por terra ; demais!
Nem a escrita de “La Guerra Del Fin Del Mundo”, do Sarmiento , vai poder
se comparar a este ato do  Jorge Hill  !
Toda a melancolia e os mistérios de Edgar Alan Poe , não vai ser considerado
mais comtemporâneo do que este lance genial :  A banda Cavalo Doido toca No Hospício São Pedro .
Isto é mais que um "flasbak " dos Miseráveis do Vitor Hugo,é mais Cult que o Aldous  Huxley no auge da fama, a contracultura dos anos 60 “michou” , ficou vermelha de vergonha !

E o Admirável Mundo Novo que esmagava a individualidade, é história pra boi dormir, "fullgás" e inacabada !
Cavalo Doido no Hospício São Pedro é mais combatente que Bento Gonçalves.
Que coisa o “velho sonho americano “ não tem nada disso, o velho Eldorado virou um pedaço de terra seca, frente a esta legítima “saga” da Cavalo Doido.

Steinbeck, jamais visitou um hospício naquele viagem memorável junto de seu
Cahorro .


As adaptações de Hollywwod se transformaram em  ilusão frente a  Cavalo Doido  no Hospício São Pedro .

Penso com a cabeça  do Senhor Presidente , logo existo !  O Jorge não é marionete , meu Deus , isto sim é periférico, me lembra doença de pulmão,
água poluída, tosse seca , lágrimas nos olhos, crianças de pé no chão, bêbados pedindo perdão !

As letras dos “Blues”, totalmente equivocadas, perante a realidade brutal de uma banda tocando no hospício.
Servidão Humana, o Fio da Navalha, a Geração Perdida, tudo coisa de boutique, rótulos... tudo rótulos... !
Gertrud Stein, que deixou a luz da sala acessa, antes de ir pra guerra , virou fichinha perto da Cavalo Doido ensandecida a contradizer os fatos , loucos somos nós !
Tudo que  pretensamente tínhamos lido e comprado na “Feira do Livro”, nos levou a órfãos literários sem” status quo "da esquerda, abandonados sem o apoio paterno daquela feira de best-sellers, humilhados por edições literárias com papel couchê  cheias de ilusões ,sem realidade alguma.
Passei a semana toda questionando todas as apresentações da música local e seus movimentos sem função social e sem Deus ,durante toda história de nossos sonhos pelas ruas de "Porto Alegre é Demais !" As atividades anárquicas do amor, a primeira pulsão vida e morte, a qualidade imaginativa frente a realidade horripilante, as máscaras sociais, o vácuo da fantasia, a superficialidade dos críticos, a vivência da mentira, e aquelas histórias do “Nunca Más! ...isto ou aquilo...!

Todas as Dinastias do Rock gaúcho ficaram limitados , toda constituição cultural  do Estado, mostrou o lado delapidado da mente do presente  e do passado.
Imagina, no Hospício sem uma regra de etiqueta homogênea sem aquela civilização protegida por jornais e revistas, sem a “panela” pra passar a mão por cima, apenas raça e guitarras compradas a prestação nos saldos das lojas de música de Porto Alegre .
...e a vida continuava ...continuava ... naqueles dias de zero hora...bzzzzzzbbzzzzzzzzbbbbzzzzzzzbzzzzzzzzzzzzzz !

A semana correu entre rios e dragões, algumas casas começaram a ser pintadas no velho Partenon ,  o mofo do inverno tinha deixado as paredes “ cor de burro quando foge “  , bem ao estilo periférico do bairro .

Luiz Wagner , o guitarreiro já estava de volta para fazer um som , e sempre falava do Partenon dos anos de sua juventuda quando tocava nos Brazas.
Tudo dentro dos” livros sagrados”, de nossa mania de não ser comercial.

A sexta feira finalmente chegou , ela sería absolutamente única, temporalmente à partir de agora, registrada nos arquivos de nossa contra cultura urbana.

Jorge Hill , Flávio” Big Dog” Assis , Hubert Monteiro, Sérgio Gomes ( e um guitarrista que não lembro o nome,( que tocou naquele noite e nunca mais apareceu na cena gaúcha, tipo aquela história do Pekos (Liverpool Song ) que desapareceu e até hoje é procurado pela imprensa gaúcha que não viram êle tocar e , andam atrás
dessa lenda , mas não conseguem editar nada . por que perderam o trem da história.) A Banda Cavalo Doido estava a poucos passos desse feito que deixou tatuado nas paredes do Hospício o dia que A BANDA > CAVALO DOIDO TOCOU  NO HOSPÍCIO SÃO PEDRO , e que ninguém prestigiou  ! Só eu, Iara Negra , Dudu Vargas e os pacientes do Hospício  São Pedro . . Aguardem !

...continua..., imperdível , ...a parte Gótica da história !