- O RADINHO
MÁGICO -
Radinho Sony - é o mesmo que eu curtia Mr. Lee* |
Ninguém
até hoje escreveu sobre a parte musical internacional de Mr. Lee,
programa de rádio dos anos 70, que era
apresentado na Continental - 1120 em Porto Alegre.
Aí
vai... > esta vasta nuvem de energia que como vapor brilhante entrou em
minha mente definitivamente.
Morava
na Salgado Filho em cima do Corujão , casa notúrnica,
paraíso de mulheres
desgarradas, sem envolvimento nenhum ,
que levavam nos peitos uma tabuleta
invisível –
“ Gostamos de homens bem vestidos, que tenha carro importado e use
relógios caros , porque é pelo pulso que avaliamos o cliente!”
Neste
clima Salgado, da Salgado Filho, lá de cima da minha janela
observava o famoso
cursinho pré-vestibular do Prof., Clóvis e do Fogaça.
Tudo
se misturava ,
poetas cegos ,
fundo de solidão,
sandubas, hot dogs,
homens e
mulheres sem sonhos e,
CORUJÃO , ANOS 70 |
os Estados Unidos que as dez da noite como um super jato,
rompia as barreiras do som e se
transformava em gaivota,
entrando janela adentro, naquela caixinha que
eu morava com
minha Negra e meu filho Marco.
Eu tinha um rádio Sony que também gravava ,
era só apertar
uma das teclas ,que a fita basf respondia na hora,
registrando aqueles oceanos
todos que desaguavam em minha
cabeça,
cada dourado minuto.
Mr.Lee
, as 10 da noite entrava a mil,
MR.LEE |
detonava todas aquelas cenas salgadas da Salgado ,
e
levava o pequeno mundo de Porto Alegre para o “Gran Mond”.
Tudo
se transformava,
aquela avenida poluída era o Soho,
Greenwiche Village,
Alabama,
Route 66
a Califórnia
> o oxigênio
para suportar os fantasmas da Revolução Farroupilha
e o ranço craniano
envolvido num manto negro deixado numa das mesas do Corujão.
Aquelas
noites de Mr. Lee, pintava os taxis todos de cores
amarelas,
pela janela sentia
aquele Uivo afinado na grande imensidão da
minha cabeça e,
lá embaixo o asfalto
rachado pelas guitarras dos grandes cowboys
da música internacional que
despejavam seus solos , harmonias
salpicados de sóis ,luas cheias e estrelas do
Cruzeiro do Sul.
Micro Newman valvulado do Mr. Lee |
É
aki Xará o RockLand ,
o choque de misericórdia,
estamos livres das 10 as 11,
aproveite estes gotejantes minutos...,
Cost to Cost..,
COST TO COST |
a América não vai deixar
você dormir sozinho,
ela mora aki na Contí !
A
música estava viva na minha alma inocente,
ela escorria do céu.
O
Rio Americano começava na Rua da Praia com a General ,
sempre as 10 da noite,
e a fumaça
branca que saia pelos micros newman da voz de Mr. Lee ,
informava a todos nós,
que
!Habemus
Música !
Cada
noite era um evento,
Mr. Lee era um touro bravo solto na eternidade,
êle não
repetia música ,
caçava os vinis todos em Nova Yorque >
Loggins &
Messina,
Jim Croce,
Doobie
Brothers,
Herb Padersen,
Michael Murphey,
Johnny Cash ,
Nashville os melhores
do Country e do Folk,
Peter ,Paul and Mary,
Dan Fogelberg,
Willie Nelson,
Steely Dan,
Bob Dylan,
Crosby,
Stills and Nash,
América ,
Led Zeppelin,
de vez em quando uma chance para os
Beatles,
Alabama,
Santana,
James Taylor,
Neil Young,
Creedance,
alguma coisa do
Yes,
músicas desconhecidas de cowboys durões,
guitarristas que jamais rodaram
em qualquer outra emissora de
Porto Alegre,
Birds,
The Band,
Stones,
e muitos
outros inéditos até hoje, que só Mr. Lee tem ...
impossível lembrar neste troar
da memória de tudo que Mr.Lee
rodou em
seu programa.
Um show de informação...eu escutei,
eu participei,
eu gravei no
meu radinho de pilha ,
sendo que tudo isto aconteceu nos anos 70,
tempo do
alvorecer de todos estes vinis mágicos que Mr. Lee nos
mostrou na fonte do
nascimento de todos eles.
Depois
daquela adrenalina toda, daqueles anos mágicos
eu ficava ainda na janela olhando aquele clarão
lançado pelo
Mr. Lee,
e o Corujão lá embaixo engolindo aquelas pessoas, colocando
lenha
na fornalha.
Porto
Alegre, voltava a ser Porto Alegre,depois das 11.
Local onde Mr. Lee detonou um mega som - Beach Street* |
O relógio marcava meia noite e,
se naqueles
momentos que eu ouvi tudo isso,
tivesse escrito ,
eu sería best seller!
Confesso
que ouvi !