Década 80*
- Cell, a garota de São Léo -
by/necão
Naquela época a gente não trabalhava muito defensivamente, mas não comia “carniça”, embora levava “balão” de muita gente que se aproximava de nós, que na verdade emergiam de todas aquelas energias que rolavam nos bastidores de nossos ensaios na “Casa Mal Assombrada”.
As reuniões na casa da” Montanha Azul”, continuavam a mil, fiquei muito amigo da família toda, e dos amigos da mágica Cell.
Aquela história de” separar para reunir” , deixou todos vigilantes quando a Cell começou a nos falar daquelas energias que na verdade eram provenientes de pássaros e de animais, na maioria das vezes de seres humanos , que através de encontros como aquele , assumiam os pecados de cada região do planeta , para que as pessoas daquele perímetro urbano , pudessem ser redimidas .
Tudo sempre começava com aquele chá extraído da “Pedra Filosofal”, que deixava todos remontados para uma nova realidade, não sei até hoje se era para uma época anterior a que estávamos vivendo, ou para um tempo que começava a se revelar, como a primeira lagoa feita por alguma divindade da chuva.
Todas as cruzes, em alta relevo na parede, dançavam , depois de 5 minutos com o chá em nossas olhos submerso, dentro daquelas energias misturadas, que se transformavam em outra freqüência.
O final das reuniões era estranho e místico, numa das vezes a Cell, nos falou da Sombra.
Ela começou assim : - É a Sombra que detém a chave, a Sombra também detém os segredos da mudança. A Sombra também detém os tesouros que lhes permitem ser não só uma pessoa que sabe admitir, como também ser uma pessoa cujo instinto seja admitir.
Disse Cell :- Vocês podem também a vir conhecer a imensidão e a intensidade de sua Sombra, e começar a subordinar, a dirigir e a usar essa Sombra para criar uma realidade mais mágica do que a anterior.
Quando todos fizeram as pazes com a sua própria Sombra, muda a vida, muda a realidade , e pode ser preenchida até o transbordamento, por toda sorte de magia, toda sorte de milagres.
Mas afinal, que “raio”de Sombra é esta , que nos acompanha ?
Como num passe de mágica , me lembro que era sexta-feira , e estava frio, ela respondeu sem ninguém perguntar.
A Sombra é constituída de tudo aquilo que você negou. Que você desconsiderou, aquilo que você se defende, todos os aspectos que você finge não existir. A Sombra é tudo aquilo contra o que você aprendeu a resistir ou que se recusa a aceitar.
Depois , aquele indefectível café na cozinha ,encerrava aquela atribulada “evolução” momentânea, que nos dava a possibilidade de usar-mos os 10% de nossa cabeça animal.
“Seu” Cury , pai da Cell, era radioamador, tinha uma sala repleta de ligações, rádios.gravadores, microfones uma parafernália de dar gosto.
Além de tudo , aquele mistério da Marinha Mercante , que deixava êle como dono absoluto do mistério além mar.
Na última “fagulha da noite” , ele aproveitava para tomar o café , junto de todos e mandava suas histórias empolgantes.
Engraçado que ele curtia toda história de Napoleão, que chamava de espírito realista , o primeiro grande homem
do mundo, que começou a construir o primeiro edifício social do planeta Terra.
Tudo aquilo era um turbilhão que acontecia nas noites do Vale.
Eu me sentia um Pelicossauro , o primeiro a andar sobre aquelas terras firmes, que escondiam segredos na calada da noite de São Léo.
A data da apresentação do Hallai em São Sebastião já estava marcada,
Os ensaios à partir disso era pra valer...gravando...gravando...!