Uma foto imaginária nos dias de hoje, mas que se funde a idéia
Halla*Hallai dos idos tempos de São Léo da década de 80 .
- Cell, a garota de São Léo -
by/Necão
No outro dia o Tony já estava em São Léo , para começar a agitar sua participação na banda.
Paulinho Velho Tchêrife , que sempre foi um apaixonado por bateria estava a vontade com Tony e ambos começaram um processo pela “Batera Ideal “.
Mexeram na caixa, trocando a esteira por uma bem esticada , com isso deixaram ela com um som mais forte entre grave e médio, o bumbo afinaram em (E), os pratos foram trocados , Paulinho Velho Tchêrife fez um negócio escaldante e conseguiu uma coleção de pratos “Paist”.
O pé do Bumbo foi trocado por um mai flexível e ágil, a batera foi toda afinada dentro dos 440 herts.
A matemática toda de compassos foi adaptada a agilidade do Tony.
Ficou tudo dinamizado dentro do estilo do Tony que depois mostrou que era um músico diferenciado e que estava no sul por acaso.
As noites terminavam sempre em um bar do Rua Grande, antes do horário do último ônibus que o Tony pegava para ir p’ra São Sebastião.
Muitas vezes passamos da conta ,e quando o Tony não dormia no Paulo ,eu levava ele pra casa.
O” papo” ,sempre rolava em direção das “leis eternas do mercado gaúcho de música”, sempre em duas posições o que a gente pensava e o que realmente existia.
De um lado a esfera periférica de Porto Alegre com relação ao centro do país,e de outro a consciência muitas vezes se perdia, na maionese de nossas cabeças.
Tudo era muito fixo, e este processo me parece que até hoje permanece cristalizado em Porto Alegre , ninguém se mistura, aquela história de “Só cresce quem se conhece”, ainda esta incubada , mesmo com a insistência e a coragem do Fausto.
Com a entrada do Tony na banda, eu e Paulo começamos a compor com mais profundidade, pois a “batera” era conduzida de uma forma tão dinâmica que nos levava a outros ventos.
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Primeiro re-arranjamos tudo dentro daquele processo vibrante, depois começamos a compor música instrumental, fizemos “Fernão Capelo Gaivota”, Beijo Tropical, Deus ,e várias experiências interessantes dentro de nossos horizontes acrescidos com a entrada do Tony.
O Gelson acompanhou muitas vezes o Tony nos ensaios; certo dia o baixista Salles foi junto e assumiu o baixo.
O Mr.Robson voltou num dia de sábado e nos disse que precisava voltar
a Banda, o sol não era o mesmo, a vida estava cinza, a namorada não era assim tão bonita, Canoas não tinha mais perspectiva, o cigarro Minister não tinha mais o mesmo gosto. Pronto, choramos abraçados e tudo voltou ao normal.
O Jorge Hill que também tinha zarpado em consideração ao seu grande amigo, ficou com pincel na mão, e por um tempo ficou curtindo as suas próprias mágoas, mas o Hallai* sempre teve um grande coração e êle voltou depois de um breve inverno.
Tudo era alternativo, até a fruta que a gente curtia era a romã, discos do lado “B” ,> lado “A” nem pensar, jornais de bairro, filmes franceses,
Guaraná da cidade de São Léo, coca-cola era considerada imperialista, fora!
*Símbolo dos anos 80 –
Sem internet,sem celular, sem e-mail.
Só nos restava sonhar e tentar vencer o Cubo Mágico.
Não tive outra alternativa , se não a de quebrar o cubo.
Os sonhos continuaram!
A gente pensava na ascenção social subindo para baixo , totalmente “underground”, lía Lobsang Rampa, um indiano que escreveu vários livros sobre o Tibet, e trouxe o esoterismo para o palco das discussões populares..
A música “Segurando o Vento” foi a radiografai disso tudo, foi lançada pelo Júlio, na Atlântida, num programa à tarde *(18hrs) , dentro de um clima de grande emoção, o Júlio parou tudo e disse : O Hallai*Hallai esta de volta, é aki xará o vocal e as violas de novo no ar..., entrou a canção que
foi entregue ao Júlio em fita K 7.
No final do verão do ano seguinte , encontrei o João Antônio do Inconsciente , que disse _ Rodei o “Segurando o Vento” na praia! Todo dia êle apresentava , se não me engano, também na Atlântida, uma programação que era dirigida para as praias gaúchas.
Depois de muitos ensaios , tudo estava afinado, e começamos a pensar
em lançar esta nova formação num grande show, a gente sempre pensou “grande” , botando na reta nossa coragem de ser feliz.
Continua...