GEORGE HARRISON, ERIC CLAPTON
& PATTIE BOYD
Fatores
visíveis e invisíveis, favoráveis e desfavoráveis tanto para Harrison como para
Clapton e, que todo ser humano esta inconscientemente sujeito.
Pattie Boyd
poderia ter sido mais uma modelo dos anos 60 caso não tivesse sido selecionada
para ser uma quase-figurante em um filme do maior fenômeno musical de todos os
tempos.
Durante
as gravações de "A Hard Day's Night", dos Beatles, Pattie conheceu
George.
Eles viriam
a se casar dois anos depois, em 1966. Entretanto, a vida de Pattie também se
cruzou com a de Eric Clapton, o lendário guitarrista do Cream e compositor de
grandes músicas do rock.
Eric e
George eram amigos íntimos, e é assim que começa uma das histórias de amor mais
conturbadas da história do rock and roll:
Eric Clapton, George Harrison e
Pattie Boyd, a mulher que inspirou a composição de "Layla" (Clapton)
e "Something" (Harrison).
No
texto a seguir, publicado no Daily Mail, a própria Pattie explica este
conturbado momento de sua vida.
Nós nos
encontramos em segredo em um apartamento em Kensington.
Eric Clapton me pediu
para ir para escutar uma nova música que ele havia escrito.
Ele ligou o
gravador, aumentou o volume e tocou para mim a música mais poderosa e tocante
que eu já havia escutado.
Era
“Layla”, sobre um homem que se apaixona perdidamente por uma mulher que o ama
mas não está disponível.
Ele tocou
para mim duas ou três vezes, olhando meu rosto a todo momento para ver minha
reação.
Meu
primeiro pensamento foi: “Oh Deus, todo mundo vai saber que é prá mim”.
Eu era
casada com um dos amigos mais próximos de Eric, George Harrison, mas Eric
estava deixando explícito seu desejo por mim havia meses.
Eu me
sentia inconfortável por ele estar me empurrando em uma direção que eu não
estava certa se queria ir.
Mas, ao
perceber que eu havia inspirado tanta paixão e criatividade, a música tirou o
melhor de mim.
Eu não
pude mais resistir.
Naquela
noite eu estava indo ao teatro para ver “Oh! Calcutta!”
Com um amigo e depois
iria a uma festa na casa do empresário Robert Stigwood.
George
não quis ir nem ao show nem à festa.
Depois do
intervalo de “Oh! Calcutta!” eu voltei e encontrei Eric no assento ao lado,
depois de persuadir um estranho a trocar de lugar com ele.
Depois,
nós fomos à casa de Robert separadamente, mas logo estávamos juntos. Era uma
festa ótima e eu me senti lisonjeada pelo que havia ocorrido anteriormente, mas
também profundamente culpada.
Depois de
algumas horas, George apareceu.
Ele
estava de cara fechada e seu humor não melhorou ao caminhar por uma festa que
já acontecia havia horas e a maioria dos convidados estavam sob efeito de
drogas.
Ele insistia
em perguntar “Onde está a Pattie?”, mas ninguém parecia saber.
Ele
estava quase indo embora quando ele me viu no jardim com Eric.
Estava
começando a amanhecer, e estava muito enevoado.
George
chegou para mim e perguntou:
“O que
está acontecendo?”.
Para o
meu horror, Eric disse:
“Eu
tenho que te contar, cara, que eu estou apaixonado pela sua mulher”.
Eu queria
morrer. George ficou furioso.
Ele virou para mim e falou: “Bem, você vai com
ele ou vem comigo?”
Eu havia
conhecido George seis anos antes, em 1964, quando nós estávamos filmando “A Hard
Day’s Night”.
A
grã-bretanha e a maior parte da Europa estava na onda da Beatlemania.
John Lennon,
Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr eram acompanhados por multidões
onde quer que fossem, e em seus shows milhares de adolescents histéricas gritavam
e berravam tão alto que ninguém conseguia escutar a música.
Pouco antes
do início da filmagem de “A Hard Day’s Night”, os Beatles conquistaram a
América.
Em
fevereiro de 1964 eles apareceram no Ed Sulliven Show, um dos programas de
maior prestígio na América, e atraíram 73 milhões de telespectadores.
Eu era
modelo, trabalhava com alguns dos fotógrafos mais bem sucedidos de Londres,
incluindo David Bailey e Terence Donovan.
Eu
aparecia em jornais e revistas como Vanity Fair e Vogue, mas em março minha
agente me enviou para um teste de elenco para um filme.
Ela me ligou
depois para avisar que haviam me oferecido um papel de uma fã colegial em um
filme dos Beatles.
Minhas
primeiras impressões foram que John parecia mais cínico e áspero que os outros,
Ringo o mais carinhoso, Paul era bonitinho e George, com seus olhos castanhos
aveludados e cabelo cor de avelã, era o homem mais lindo que eu já havia visto.
Em um
intervalo para o almoço, me encontrei sentada perto dele.
Estar perto dele era
eletrificante.
Uma das
primeiras coisas que ele me disse foi:
“Quer
casar comigo?”. Ele estava brincando, mas havia um toque de seriedade.
Nós
ficamos juntos logo depois disso e nos casamos dois anos depois, no dia 21 de
Janeiro de 1966.
Eu tinha 21, ele tinha 22.
Eu era
tão feliz e estava tão apaixonada.
Eu
achava que ficaríamos juntos e seríamos felizes para sempre.
Três anos
depois, em 1969, George escreveu uma música chamada “Something”.
Ele me
disse em uma conversa corriqueira que ele havia escrito para mim.
Eu a
achei linda e ela acabou sendo o maior sucesso que ele escreveu, com mais de
150 regravações.
Frank
Sinatra disse que ele a achava a mais bela canção de amor já escrita.
A
versão preferida de George era a de James Brown.
A
minha era a do George Harrison, que ele tocou para mim em nossa cozinha.
Mas, de
fato, desde então nosso relacionamento estava passando por problemas.
Desde
uma viagem ao templo do yogi Maharishi Mahesh na Índia, em 1968, George ficou
obsessivo quanto à meditação.
Às
vezes ele ficava isolado e depressivo.
Meu humor
começou a refletir o dele, e algumas vezes eu me sentia quase suicida.
Eu não acho
que tenha existido um perigo real de eu me matar, mas já cheguei a planejar
como o faria:
colocaria um belo vestido da Ossie Clark e me atiraria da Beachy
Head.*
E haviam
outras mulheres, o que realmente me machucava.
George era fascinado pelo deus
Krishna, que sempre estava rodeado por jovens donzelas.
Ele
voltou da índia querendo ser um tipo de figura Krishna, um ser espiritual com
diversas concubinas. Ele chegou até a dizer isso.
Nenhuma
mulher estava fora do alcance.
Eu era
amiga de uma garota francesa que saía com Eric Clapton.
Quando ela e
Eric se separaram, ela veio ficar conosco em nossa casa, Kifauns, em Esher,
Surrey.
Ela não
parecia nem um pouco triste por Eric e estava desconfortavelmente próxima a
George.
Algo
estava acontecendo entre eles, mas quando eu perguntei a George ele me disse
que minha imaginação estava me guiando, que eu estava paranóica.
Eu fui
viajar com umas amigas e depois de alguns dias George me ligou para dizer que a
garota havia partido.
Eu
voltei para casa, mas estava chocada por ele ter podido fazer isso comigo. Me
senti rejeitada e miserável.
Foi por essa
época que Eric começou a freqüentar nossa casa.
Ele e
George haviam se tornado amigos próximos, escrevendo e gravando música juntos.
A reputação
de Eric como guitarrista era altíssima entre os músicos.
Grafites
nos muros declarando que “Clapton é Deus” estavam por todo o subúrbio de
Londres, e era muito excitante vê-lo tocar.
Ele
era maravilhoso no palco, muito sexy.
Mas quando
eu o conheci, ele não se comportava como um rock star – ele era
surpreendentemente tímido e reticente.
Eu
sabia que Eric me achava atraente e eu gostava da atenção que ele me dava.
Era difícil
não se sentir lisonjeada quando eu o pegava me olhando, ou quando ele escolhia
se sentar próximo a mim.
Ele me
elogiava pelo que eu estava vestindo e a comida que eu cozinhava, e dizia
coisas que sabia que me fariam rir.
Essas
eram todas as coisas que George não fazia mais.
Em uma noite
de dezembro de 1969 eu levei minha irmã de 17 anos, Paula, para ver Eric tocar
em Liverpool.
Paula
era muito bonita e um pouco do tipo “menina rebelde”, e naquela noite Eric se
derreteu por ela.
Depois
do show, todos fomos para um restaurante e todos ficamos bêbados e rudes.
Quando
o resto de nós voltou para o hotel, deixamos Eric e Paula dançando.
Na noite
seguinte, Eric estava tocando em Croydon e novamente Paula e eu fomos assistir,
e novamente houve uma festa cheia de excessos depois do show, desta vez na casa
de Eric em Ewhurst, Surrey.
Logo
depois, Paula foi morar com Eric.
Em março de 1970, George e eu nos mudamos para uma
nova casa. Friar Park era uma magnífica casa no estilo vitoriano próxima de
Hanley-on-Thames, Oxfordhire, com 25 quartos, um salão de festas, uma
biblioteca, um jardim de 12 acres e mais 20 acres de terra.
Uma manhã,
logo depois de nos mudarmos, uma carta chegou para mim com as palavras “confidencial”
e “urgente” escritas no envelope.
Dentro eu encontrei um pequeno pedaço de
papel.
Em
letras miúdas, sem letras maiúsculas, eu li: “querida l. como você
provavelmente já percebeu, meus assuntos caseiros são uma farsa galopante, que
estão se degenerando dia após intolerável dia... parece uma eternidade desde a
última vez que te vi ou falei com você!”
Ele
precisava saber o que eu sentia: eu ainda amava meu marido ou eu tinha outro
amante?
Mais
crucialmente, eu ainda tinha sentimentos em meu coração para ele?
Ele
precisava saber, e me implorou para que respondesse. “por favor faça isso, não
importa o que diga, minha mente vai descansar... todo meu amor, e”.
Eu concluí
que era de um maluco.
Eu recebia
algumas cartas de fãs ocasionalmente – quando não eram cartas raivosas de fãs
do George.
Eu
mostrei a carta para George e outros que estavam na casa.
Eles riram e a
desprezaram, assim como eu.
Naquela
noite, o telefone tocou. Era Eric. “Você recebeu minha carta?”, ele perguntou.
“Carta?”, eu
disse. “Eu acho que não. De qual carta você está falando?”
Então caiu a
ficha. “Era sua?
Eu não
imaginava que você se sentia assim”.
Foi a
carta mais passional que alguém já havia escrito para mim e colocou nosso
relacionamento em um outro patamar.
Ela
fez o flerte mais excitante e perigoso.
Mas eu
pensava que era apenas flerte.
De tempos em
tempos durante a primavera e o verão de 1970, Eric e eu nos vimos.
Um
dia, caminhando pela rua Oxford, ele me perguntou: “Você gosta de mim, afinal,
ou está me vendo porque sou famoso?”
“Oh, eu
pensei que você estava me vendo porque sou famosa”, eu disse. Nós rimos.
Ele sempre
teve dificuldade em falar sobre seu sentimento, e ao invés disso os despejava
em suas músicas e letras.
Teve uma vez
em que nos encontramos sob o relógio da rua Guildford High.
Ele
havia acabado de voltar de Miami e me trouxe calças boca-de-sino – como na
música “Bell Bottom Blues” (nota do tradutor: Blues das Calças Boca de Sino).
Ele estava bronzeado e estava lindo e irresistível – mas eu consegui resistir
Em outra
ocasião eu dirigi para Ewhurst e nos encontramos num bosque ali perto.
Eric
estava usando um casaco de pele de lobo e estava muito sexy.
Nós
não fomos para sua casa porque alguém poderia estar lá.
Muitas
pessoas moravam em Hurtwood Edge: sua banda, os Dominos, Paula e Alice
Ormsby-Gore, outra das namoradas de Eric.
A freira
dentro de mim achou a situação desconfortável mas estranhamente excitante, e
foi no fim daquele ano, depois que Eric tocou “Layla” para mim no apartamento
em South Kensington que eu sucumbi a seus avanços.
Depois do
confronto entre George e Eric na festa de Robert Stigwood, eu voltei para casa
com meu marido.
Ao
chegar lá, eu fui para a cama e George desapareceu em seu estúdio.
Quando
voltei a encontrar Eric, ele apareceu de surpresa em Friar Park.
George estava
viajando – eu não sei se Eric já sabia disso – e eu estava sozinha.
Ele
disse que queria que eu fugisse com ele: ele estava desesperadamente apaixonado
por mim e não podia viver sem mim.
Eu
teria que abandonar George naquele momento e ir com ele.
“Eric, você
está louco?”, eu perguntei. “Eu não posso. Estou casada com George”.
Ele disse:
“Não, não, não. Eu te amo. Eu tenho que ter você na minha vida”.
“Não,” eu
disse
.
Ele pegou um
pequeno frasco de seu bolso e o segurou em minha direção.
“Bem, se
você não fugir comigo, vou usar isso”.
“O quê é
isso?”
“Heroína”.
“Não seja
tão estúpido”. Eu tentei tirar dele mas ele puxou seu punho e escondeu o frasco
no bolso.
“Se você não
fugir comigo”, ele disse, “é isso. Estou fora”.
E ele sumiu.
Raramente
o vi nos três anos seguintes.
Ele fez como
ameaçou.
Ele
usou a heroína e rapidamente ficou viciado.
E ele
levou Alice Ormsby-Gore com ele.
Eric já
havia usado vários tipos de drogas, aquelas que todos usávamos – maconha,
estimulantes, depressivos e cocaína – e ele bebia consideravelmente.
Mas
seu traficante andava insistindo recentemente que ele comprasse heroína cada
vez que Eric comprava cocaína.
Eric andava
usando heroína esporadicamente por quase um ano e acumulou uma boa quantidade.
Então
começou a usar sempre.
Ele e
Alice se isolaram em Hurtwood Edge.
Ele
não saía de casa, não via amigos, não atendia à porta ou ao telefone, e os dois
quase caíram no esquecimento.
Ela
esteve com Eric em Miami, quando ele estava gravando “Layla”, e na hora soube
que era sobre mim.
Ela
sempre teve a suspeita de que Eric estava com ela porque ela era a segunda
melhor coisa depois de mim, e eu era inalcançável. Ouvir “Layla” confirmou
isso.
Ela esteve
seriamente apaixonada por Eric, mas ele destruiu seu orgulho, auto-estima e
confiança, que já eram frágeis.
Além disso
tudo, sua irmã mais velha era a última pessoa em quem ela podia buscar apoio.
Eu
tentei ligar para Eric, mas Alice sempre atendida e eu desligava.
Eu passei a
dar mais atenção para meu marido e para a reforma da casa.
Por um
breve período o projeto nos uniu, mas a casa era tão imensa e sempre tinha
tanta gente nela que nunca tivemos qualquer intimidade.
Na
maior parte do tempo, mesmo quando George estava em casa, eu não sabia aonde
ele estava.
Na hora das
refeições, havia tantas outras pessoas na mesa que não era possível ter
qualquer conversa.
E
mesmo que dividíssemos uma cama, ele geralmente estava em seu estúdio ou
meditando metade da noite em seu quarto octagonal no topo da casa.
Este cômodo
havia virado seu santuário.
Eu me sentia
mais e mais alienada. Eu não me sentia incluída nos pensamentos ou nos planos
de George.
Eu não
era mais sua parceira em nada. Ele estava cercado de “homens-sim”.
Quando
eu o questionava disso, ele dizia: “Bem, eu odiaria estar cercado de
homens-não”.
Eu ouvi
falar de Eric novamente em janeiro de 1971, dois meses depois do encontro em
que ele prometeu usar heroína.
Ele me
escreveu de uma cabana no País de Gales.
Na primeira
página de uma cópia de “Of Mice And Man”, de Steinbeck, ele havia escrito:
“querida layla, por nada mais que os prazeres do passado eu sacrificaria minha
família, meu deus, e minha própria existência, e ainda assim você não se
mexeria. eu estou no limite da minha mente, eu não posso voltar e não há nada
no futuro (além de você) que pode me atrair para além de hoje.
Eu
ouvi o vento, eu observei o aglomerado escuro de nuvens, eu senti a terra sob
mim para um sinal, um gesto, mas havia apenas o silêncio. porque você hesita,
sou um mau amante, sou feio, sou muito fraco, muito forte, você sabe porque?
Se
você me quer, me leve, sou seu... se você não me quiser, por favor quebre este
feitiço que me amaldiçoa. enjaular um animal é um pecado, domá-lo é divino. meu
amor é seu.”
A carta
estava assinada com um coração.
Esta
nota curta me despertou sentimentos que demorei dois meses para superar.
Eu
escrevi para ele e disse o que ele queria escutar.
“Como você
está? Espero que o ar galês esteja refrescando sua mente e aquecendo seu
coração.
Oh, eu
queria tanto passar um tempo com você aí... seria lindo estarmos juntos, apenas
por um tempo.”
“Se as
estrelas mudassem repentinamente seu curso e eu puder ir para Gales, enviarei
um telegrama.
Por
favor, se cuide. Luas cheias de amor, L”
Assim que
postei a carta, tive dúvidas terríveis e imediatamente enviei um cartão postal.
Ele simplesmete dizia: “Olá, por favor desculpe e esqueça minha sugestão
desmiolada. Com amor, L”.
Sua resposta
veio na contracapa de um livro de baladas escocesas e estava escrita em tinta
verde.
“foi muito
significante ter recebido ambas as cartas na mesma manhã. foi como observar um
bumerangue em pleno vôo”.
Ele disse
que entendia minha situação e não sabia o que sugerir.
“eu amo você, mesmo você sendo medrosa”.
Nada saiu
das nossas fantasias e eu não o vi ou falei com ele novamente até agosto de
1971.
George
havia persuadido Eric a ir para Hurtwood Edge para tocar em um evento
filantrópico, “Concert For Bangladesh”, em Nova York.
Eric estava
em uma fase péssima, mas George achava que se o levasse ao palco, mesmo sob o
efeito de drogas, seu vício viraria um “segredo aberto” e talvez ele abrisse a
porta para seus amigos um pouco, e eles poderiam ajudar.
Todo mundo
sabia que se Eric tivesse a chance de terminar duas performances – uma de tarde
e outra de noite – ele necessitaria de um suplemento de heroína assim que
chegasse em Nova York.
Eu me lembro
de conversas sobre encontrar uma muito boa, chamada Elefante Branco, para ele.
Tinha
que ser muito pura porque ele nunca injetava – ele morria de medo de agulhas –
mas cheirava, como se fosse cocaína, em uma colher de ouro que ele usava no
pescoço.
Alice
encontrou a heroína – ela sempre conseguia.
Enquanto
eles moravam em Hurtwood Edge, ela foi para Londres para fazer o trabalho
sórdido de pegar suplementos enquanto Eric ficava em casa.
Se os
suplementos começassem a acabar, ela daria a parte dela e pegaria alguma outra
coisa.
Ela
estava bebendo pelo menos duas garrafas de vodka por dia para que ele pudesse
usar a heroína.
Naquele dia
ele e eu mal nos falamos. Ele estava rodeado de pessoas, e no palco, ele estava
bem desligado; eu não tenho certeza se ele me viu.
Foi um choque pensar que ele hia feito
aquilo para ele mesmo por minhna
Nada saiu
das nossas fantasias e eu não o vi ou falei com ele novamente até agosto de
1971.
Foi um choque pensar que ele havia feito
aquilo para ele mesmo por minha caus
No
começou eu me senti culpada, mas depois meus sentimentos se inverteram
violentamente e eu fiquei furiosa por ele ter me pedido para escolher entre ele
e o meu marido.
Quando o
show acabou, Eric e Alice voltaram para os horrores de sua prisão auto-imposta
em Hurtwood Edge.
Pete
Townshend do The Who era o único amigo que se recusava a aceitar “não” como
resposta e ia para a casa com tanta freqüência que eventualmente Eric teria que
vê-lo.
Pete o persuadiu
a tocar em outro show beneficente, desta vez em Finsbury Park, na zona norte de
Londres.
O show em
1973, divulgado como a volta de Eric, foi um triunfo.
Eu
estava sentada na platéia com George, Ringo, Elton John, Joe Cocker e Jimmy
Page.
Eric não parecia bem – sua dieta de viciado de junk food e chocolate
fizeram com que ele engordasse.
Quando eu
ouvi as primeiras notas de “Layla”, a primeira música da noite, e depois a
letra, meu sangue gelou.
Ele podia
ter se destruído nos últimos três anos, mas ele não havia esquecido como tocar
um coração com sua guitarra.
Toda a
emoção que eu havia sentido por ele quando ele desapareceu da minha vida ferveu
dentro de mim.
O show fez
Eric lembrar que havia uma alternativa para sua vida de viciado e ele concordou
em aceitar o tratamento.
Ele se
livrou da heroína – e foi direto para o álcool.
Ele se
tornou um visitante regular de Friar Park e expunha seu amor por mim com vigor
crescente.
Cartas
chegavam quase diariamente, e nelas ele pedia para que eu deixasse George e
fosse com ele.
Enquanto
isso, as coisas entre George e eu estavam indo de mal a pior.
Eu não
sabia quais eram seus sentimentos em relação ao Eric quando ele voltou em
nossas vidas.
Nós
estávamos tão chapados na noite da festa de Robert Stigwood que ele poderia ter
esquecido sobre o confronto na névoa, mas eu acho que não.
George
nunca falou sobre isso, mas depois daquela noite eu acho que ele sentiu que
podia ser tão descarado quanto quisesse ao buscar outras mulheres.
Na primavera
de 1973 nós iríamos viajar juntos nas férias.
No dia anterior à nossa partida, George disse
que não estava se sentindo bem e que não poderia ir. Ele acabou indo para a
Espanha, supostamente para ver Salvador Dali, com a mulher de Ronnie Wood,
Krissie.
Pete
Townshend do The Who era o único amigo que se recusava a aceitar “não” como
resposta e ia para a casa com tanta freqüência que eventualmente Eric teria que
vê-lo.
Pete o persuadiu
a tocar em outro show beneficente, desta vez em Finsbury Park, na zona norte de
Londres.
O show em
1973, divulgado como a volta de Eric, foi um triunfo.
Eu
estava sentada na platéia com George, Ringo, Elton John, Joe Cocker e Jimmy
Page. Eric não parecia bem – sua dieta de viciado de junk food e chocolate
fizeram com que ele engordasse.
Quando eu
ouvi as primeiras notas de “Layla”, a primeira música da noite, e depois a
letra, meu sangue gelou.
Ele podia
ter se destruído nos últimos três anos, mas ele não havia esquecido como tocar
um coração com sua guitarra.
Toda a
emoção que eu havia sentido por ele quando ele desapareceu da minha vida ferveu
dentro de mim.
O show fez
Eric lembrar que havia uma alternativa para sua vida de viciado e ele concordou
em aceitar o tratamento.
Ele se
livrou da heroína – e foi direto para o álcool.
Ele se
tornou um visitante regular de Friar Park e expunha seu amor por mim com vigor
crescente.
Cartas
chegavam quase diariamente, e nelas ele pedia para que eu deixasse George e
fosse com ele.
Enquanto
isso, as coisas entre George e eu estavam indo de mal a pior.
Eu não
sabia quais eram seus sentimentos em relação ao Eric quando ele voltou em
nossas vidas.
Nós
estávamos tão chapados na noite da festa de Robert Stigwood que ele poderia ter
esquecido sobre o confronto na névoa, mas eu acho que não.
George
nunca falou sobre isso, mas depois daquela noite eu acho que ele sentiu que
podia ser tão descarado quanto quisesse ao buscar outras mulheres.
Na primavera
de 1973 nós iríamos viajar juntos nas férias.
No dia anterior à nossa partida, George disse
que não estava se sentindo bem e que não poderia ir. Ele acabou indo para a
Espanha,
Ronnie,
então baixista do The Faces, e Krissie, eram nossos amigos e freqüentemente
vinham passar uns dias em Friar Park.
Eu
estava desesperadamente machucada: outra de minhas amigas estava dormindo com
George.
Quando eu o
desafiei ele negou.
Ao invés de
viajar com George, fui às Bahamas com minha irmã Paula, que estava lutando
contra o próprio vício em heroína.
Enquanto
estávamos lá recebemos uma ligação de Ronnie Wood.
Ele
estava em turnê e disse que iria passar uns dias conosco.
Ele
não parecia bravo com o fato de sua mulher estar com George – ele achava
engraçado eles terem ido ver Dali.
Ronnie era
um homem adorável, e talvez naquele momento um pouco de diversão, risadas e um
par de braços confortantes fossem o que eu precisava.
A gota
d’água para George e eu foi seu caso com a esposa de Ringo, Maureen.
Ela
era a última pessoa de quem eu esperava uma punhalada nas costas.
Eu descobri
através de algumas fotos que ela esteve em casa com George enquanto eu visitava
minha mãe em Devon.
Ele
havia dado a ela um belo colar, que ela usou na minha frente.
Então eu os
encontrei trancados em um quarto em Friar Park.
Eu
fiquei do lado de fora esmurrando a porta e gritando: “O que você está fazendo?
Maureen
está aí dentro, não está?
Eu sei
que ela está!”. George apenas ria.
Depois de um
tempo ele abriu a porta e disse: “Oh, ela só estava um pouco cansada, então se
deitou”.
Eu corri
direto prá laje da casa e abaixei a bandeira com o símbolo do Om que George
tinha hasteado e hasteei a bandeira de pirata no lugar.
Aquilo
me fez sentir muito melhor.
Maureen não
estava preparada nem para ser sutil. Ela voltou ao Friar Park meia noite e eu
perguntei:
“Que diabos você está fazendo aqui?” “Eu vim
escutar o George tocar no estúdio.” “Bem, eu vou para a cama.” “Ah, bem, eu vou
pro estúdio.”
Na manhã
seguinte ela ainda estava lá, e eu perguntei:
“Você
já pensou nos seus filhos? O que você quer? Não gosto disso.”
“É
complicado,” foi sua resposta.
Ringo não
imaginava o que estava acontecendo até eu ligar para ele um dia e dizer:
“Você
já se perguntou porque sua mulher não volta para casa de noite? É porque ela
está aqui!” Ele ficou furioso.
George
continuava fingindo que nada estava acontecendo e me deixava sentir como se
estivesse ficando paranóica.
Eu me sentia
rejeitada e abandonada e era terrivelmente difícil falar com George.
Ele
havia ficado pior no ano anterior, talvez porque Eric continuasse vindo e
deixando óbvio que queria me ver.
George
deve ter sentido que estávamos tendo um caso, mas nunca disse nada.
Numa noite,
o ator John Hurt estava conosco.
Eric
estava para vir também e George decidiu tirar a história a limpo com ele.
John
quis ser educado e sair, mas George insistiu para que ficasse.
John se
lembra de George descendo as escadas com duas guitarras e dois pequenos
amplificadores, os deixando no chão da sala e esperando impacientemente a
chegada de Eric – que estava de cara cheia, como de costume.
Assim que
Eric passou pela porta, George estendeu uma guitarra e um amplificador a ele –
como um cavalheiro do século XVIII oferece a espada a um rival – e por duas
horas, sem uma palavra, eles duelaram.
O ar estava elétrico e a música
excitante.
No fim das
contas nada foi dito, mas o sentimento geral era de que Eric havia ganhado.
Ele
não havia se deixado irritar ou apelado para exercícios de escala como George
havia.
Mesmo
bêbado, ele era imbatível na guitarra.
Toda a época
foi maluca.
Friar
Park era um hospício.
Nossas
vidas eram regadas a álcool e cocaína, e assim era a vida de todos que viviam
no nosso meio.
Todos
estávamos tão bêbados, chapados e hedonistas quanto os outros.
Ninguém
parecia ter objetivos, prazos ou nada pressionando suas vidas, nenhuma
estrutura ou responsabilidade.
Cocaína é
uma droga sedutora porque faz você se sentir eufórico e bem consigo mesmo.
Ela
tira suas inibições e faz até a pessoa mais tímida e insegura se sentir
confiante.
E nós
tínhamos tanta energia – qualquer um falaria besteiras duas vezes mais e
beberia duas vezes mais porque a cocaína nos fazia sentir sóbrios.
George
usava cocaína demais e eu acho que isso o mudou.
Maconha não
era destrutiva.
A
maconha nos anos sessenta – uma droga muito diferente do skunk que os garotos
fumam hoje – tinha a ver com paz, amor e expansão de consciência.
Cocaína
era diferente e eu acho que congelou as emoções de George e endureceu seu
coração.
Na noite de
ano novo de 1973, Ringo deu uma festa em sua casa. George chegou antes de mim
e, quando eu cheguei, ele disse:
“Vamos
nos divorciar neste ano”.
Em 1974,
George contou a Ringo que estava apaixonado por sua esposa.
Ringo
ficou num estado lastimável e saiu dizendo: “Nada é real, nada é real”.
Fiquei
furiosa. Saí de mim e pintei meu cabelo de vermelho.
Em junho
daquele ano, eu voltei para casa uma noite para encontrar Eric, Pete Townshend
e Graham Bell, outro músico, perambulando ao redor de nossa casa.
Eu fiz uma
janta, que nós comemos entre risos forçados, e então Eric me levou para fora e
me pediu novamente para deixar George.
Nós
ficamos sozinhos e juntos pelo que pareceram horas, e ele estava tão passional,
desesperado e persuasivo que eu me senti inquieta, perdida e confusa.
Eu tinha de
fazer uma escolha.
Eu
iria com Eric, que havia escrito a música mais linda para mim, que havia ido ao
inferno e voltado nestes últimos três anos por minha causa e que havia me
balançado com seus protestos de amor?
Ou eu
escolheria George, meu marido, que eu havia amado mas que estava sendo frio e
indiferente em relação a mim por tanto tempo que eu mal podia me lembrar da
última vez que ele havia me mostrado qualquer afeto, ou dito que me amava?
Naquela
noite, Eric partiu e foi quase que diretamente para os Estados Unidos em turnê.
No dia 3 de
julho eu contei a George que o estava deixando.
Era
tarde da noite e eu entrei no estúdio explicando que estávamos levando uma vida
ridícula e odiosa, e que eu estava indo para os Estados Unidos.
Quando
ele foi para a cama, eu podia sentir sua tristeza ao deitar ao meu lado. “Não
se vá”, ele disse.
Metade de mim
queria ficar e acreditar nele quando ele disse que ia melhorar, mas eu estava
decidida.
No dia
seguinte, com grande tristeza no coração, eu empacotei algumas coisas, disse um
adeus choroso ao Friar Park e voei para a América.
O que
eu havia sentido por George foi um grande e profundo amor.
O que Eric e eu
tínhamos era uma paixão poderosa e intoxicante.
Era tão
intensa, tão urgente, tão avassaladora que eu quase perdi o controle.
Ao fazer a
decisão de sair do meu casamento, eu sabia que estaria com ele, iria a todos os
lugares com ele, faria tudo o que ele fizesse, ficaria com ele de todo o jeito.
O
que, naquela turnê nos Estados Unidos em 1974, significava beber.
Pattie Boy * 2015 -
Alguma Coisa – SOMETHING
George HARRISON
Alguma
coisa no jeito que ela se move
Me atrai como nenhuma outra
Alguma coisa no jeito que ela me atrai
Eu não quero deixá-la agora
Você sabe como eu acredito
Algo no sorriso dela mostra que ela sabe
Que eu não preciso de outro amor
Algo no seu estilo que me mostra
Eu não quero deixá-la agora
Você sabe como eu acredito
Você está me perguntando se meu amor crescerá
Eu não sei, eu não sei
Fique por perto agora, pode ser que isto ocorra
Eu não sei, eu não sei
Layla –
Eric Clapton
O que você vai fazer
quando estiver sozinha
E ninguém estiver esperando ao seu lado?
Você fica correndo e se escondendo por muito tempo
Você sabe que é apenas esse seu orgulho tolo
Layla
Você me deixou de joelhos, Layla,
Estou implorando, querida, por favor,Layla,
Querida, você não acalmará minha mente preocupada?
Tentei te dar consolo
Quando seu velho homem te decepcionou
Como um tolo, me apaixonei por você
Você virou meu mundo inteiro de cabeça pra baixo
Layla
Você me deixou de joelhos, Layla,
Estou implorando, querida, por favor,Layla,
Querida, você não acalmará minha mente preocupada?
Faça o melhor dessa situação
Antes que eu finalmente fique insano
Por favor não diga que nunca encontraremos um jeito
Ou me diga que todo meu amor é em vão
Layla
Você me deixou de joelhos, Layla,
Estou implorando, querida, por favor,Layla,
Querida, você não acalmará minha mente preocupada?
Alguma coisa no jeito que ela sabe
E tudo o que eu tenho que fazer é pensar nela
Alguma coisa no que ela me mostra
Eu não quero deixá-la agora
Você sabe como eu acredito