sábado, 19 de fevereiro de 2011

*HALLAI*HALLAI* ...LENDA URBANA * ( 03 )


                                  ...*hallai...hallai*...a lenda...! R*N*J*P 
                                                                  by*necão  
                            
O CABINEIRO da noite avisou que o navio já tinha passado do Porto de Camboriú, todos nós ajeitamo-nos, e aí começou a “cair as fichas”, um silêncio bateu na proa e se espalhou por toda embarcação..., a noite , o mar e a lua, triângulo perfeito para 4 marujos .

... P´ra quebrar um pouco aquele balanço do mar,, avisei de novo a todos que, quando a embarcação chegasse ao Porto das Araucárias
de Curitiba, novas armaduras gaúchas teriam que ser jogadas ao mar.
Paulinho Velho Tchêrife gostou da idéia e começou a pegar da sua maleta de bordo, alguns pertences culturais que estavam pesando por demais >.
Separou papéis da Lei de Incentivo a Cultura,

que tinha pego na Secretaria da Côrte do Estado dos Pampas,
um pedaço de xarque que tinha sido curtido no vento  enrolado num papel de alumínio.
Um pacote de erva Chimango ,algumas fitas k7 de heróis da música urbana de Porto Alegre , e também vts., do programa fantástico local, que o grupo tinha gravado nos castelos da t.v. Gaúcha.
Mr. Robson, questionou:- Tem certeza que isto não vai fazer falta quando sentires saudade dos campos verdejantes do reinado.

O Velho Tchêrife , respondeu :- Quando eu decidi abandonar a Corte, comecei a queimar meus navios, portanto o mar é o destino de tudo isso que separei.
Mr. Robson, olhou pra sua bolsa de puro couro de boi  e disse:- Vou jogar esta bolsa fora, chega de cultura de cavalo e de boi.

Foi um reboliço, todos tentaram acalmar Mr . Robson, e o jovem Hallai começou a dar risadas
gozando de nossas caras. É tudo brincadeira !

...Mas o “papo” ficou sério, todos achavam que realmente os cavalos governavam com sabedoria,... e os velhos e novos gaúchos se submetiam.

... Eu, Jorge Hill e o Velho Tchêrife concordamos que os animais eram dotados de virtudes que deveriam ser humanas e que homens
da cultura regional teriam sido reduzidos, por influências dos antigos tropeiros, a bestialidade dos macacos.
O assunto ficou “trincado”, todos perderam os vínculos  com a realidade do cotidiano e a coisa desorganizou total..., veio a sátira , o pessimismo, e o riso ficou amargo. Será que toda obra literária gaúcha foi baseada no cavalo ?
Demos um tempo ao sabor de um licor madeira,e recomeçamos de novo com “as armaduras gaúchas ao mar”!

Jorge Hill, pegou sua maleta country e despejou em cima da mesa da cabine, olhou..., olhou..., e disse:-"Na verdade pra não dizer que não falei de flores,vou me desfazer de um vídeo tape., que eu trouxe
sobre o programa Galpão Crioulo que passa todos os domingos a 6 horas da manhã e que eu na verdade nunca vi..., e quero ficar assim.., portanto, vídeo tape ao mar !"

... Diante de tantas atitudes não me restou outro caminho. Peguei uma faca de cozinha e disse:-  Vou cortar minha cabeça e atirar ao mar, não  tem outro jeito, fui criado no meio de C.T.G., e isto não tem..., não tem cura!
Foi uma “risadada” geral.

A noite já estava alta e todos desmaiaram de tanto sono.
O navio seguia seu rumo em busca de outro porto,
O Hallai hallai dormia, sonhando com a próxima atração >.

Aquela madrugada foi histórica, a banda ficou mais unida, uma única lei regia todos: amizade, prazer em estar junto, e solidariedade.

Cada pensamento atirado ao mar era real , e que se transformava numa força , a liberdade de falar besteiras como uma coisa séria, ajudou a todos a descontrair e a questionar de uma forma bem humorada os fantasmas de Porto Alegre.
Os padrões hereditários, os códigos culturais, as “tais” de crenças sociais , ficaram pequenas perto da força da banda que era UNA!

O Hallai Hallai estava vivo para enfrentar a grande aldeia do “Gran Monde”, com suas violas afinadas e autorais!
Eu falei a todos antes do sono  chegar:-  "É do zero que vamos começar em Sampa...", Paulinho Velho Tchêrife no pé do ouvido disse : " A caixa preta da música também será aberta...", Mr, Robson só olhava, sabendo que as coisas seriam difíceis..., Jorge Hill já tinha se adaptado, e era o que mais acreditava na força do vocal  e nas letras
das músicas.
O Planeta Marte lá em cima, com aquela cor vermelha, acompanhava de longe o navio,  e transportava para dentro de nós, nossas próprias batalhas.

Tudo se misturava, o sono do Hallai, os sonhos e  pesadelos, naquela madrugada rumo ao centro do país.

               ...continua ...


 

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

*HALLAI*HALLAI* - "LENDA URBANA" (02)


*hallai*hallai*...A Lenda ...!
“...leva-me em viagem no teu estonteante barco mágico...
                                                      

...algumas horas antes do Lenda Urbana (01)
                                                                                                  by/nec@o

 
O Navio que nós, o “quarteto” embarcamos, não era nenhum Eugênio C, êle fazia parte da”Cia Itapemirim Penha”, navio de alta periculosidade que navegava pelas profundas águas  dos mares da 101.
 
Sorrisos, lágrimas, abraços e muitos beijos na despedida
no Cais Mauá >.

Um automóvel nos conduziu até o centro da Província de Porto Alegre , carregado de malas , violões, sonhos , medos, e de muita energia boa !

“Feliz viagem, as garotas  a capela , nos saudavam com os corações despedaçados de tanto amor.


Iara, Luiza,Eliana,Liliane, estavam todas impressionadas e tristes, e nós com a  nossa fidalga gentileza :-" Não te esqueça de mim "! Cada um dizendo pra sua garota !


O vapor chama a todos com um som de um sino>
Paulinho Velho Tchêrife > Mr. Robson >Jorge Hill & eu,
by Necão , colocamos as malas no compartimento  térreo do navio, e num último suspiro começamos a subir as escadas daquele Transatlântico .
O Navio começa a se afastar,as garotas agitam seus lenços brancos, a cidade vai ficando mais pequena do que já era, tudo começa a diminuir de tamanho, logo aparece a Igreja das Dores, a Usina do Gazômetro, (antiga Casa de Correção), o dorso formoso da península dentro daquele panorama eloqüente do Palácio do Governo que sempre negou “patrocínio”, a Catedral Metropolitana

com suas vetustas torres, a torre da Igreja do Menino Deus , o Estádio Beira Rio dando “tchau”a Banda * *Hallai*Hallai ,  no começo daquela noite de outono !

A nossa Gália ficava para trás, nossos cavalos ficaram no bom pasto da Serraria , nossos personagens invisíveis nos acompanhavam fechados dentro das nossas malas...!
Paulinho Velho Tchêrife, dentro da cabina , já totalmente acomodado , começou a falar de sua busca pela caixa preta das Pirâmides do Egito .

Mr. Robson, depois da vasta explicação do Velho Tchêrife, não deixou o papo morrer , comentou

sobre os encantamentos que a nossa Gália, não tinha “sacado” , sobre o Movimento Vivendo a Vida de Lee; ele defendeu virgens, salvou princesas e derrubou tiranos de todas aquelas aventuras que tinham terminado.
Jorge Hill, o garoto da Banda, uma espécie de “prefácio, pois nós todos já éramos o “posfácio”,
 levava na fronte uma pequena preocupação..., sua garota estava grávida e isto incendiava seus pensamentos.

...eu, uma espécie de D’artagnan,  sem o sangue azul da Corôa , sabia como ousar quando as oportunidades passavam pelas janelas da Côrte, mudei o rumo da conversa, falando
da música “Segurando o Vento”, que na verdade, levava nas entrelinhas códigos secretos e reveladores, de uma nova verdade não humana.

O porto de Sombrio já estava nos esperando, quando o gigantesco sino do navio deu o sinal .
O GRANDE NAVIO...,baixou as escadas e os rapazes desceram para esquecer um pouco o balanço do mar.
Nós, os rapazes do Hallai Hallai, aproveitamos a parada
e deixamos algumas velhas armaduras gaúchas, nas terras daquela aldeia catarinense>.

                  Continua...


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

*HALLAI*HALLAI* - * LENDA URBANA * - (01)



                                                                                                                          
                         
                                        * fOTO tEATRO TERESA rACHEL NO bIXIGA *
                                   
                                                  Hallai*Hallai- "A Lenda" !
                                                                                  by/nec@o

 
                    Era uma vez 4 rapazes que resolveram fazer um grupo vocal ; Mr. Robson , Paulinho Velho
       Tchêrife , Jorge Hill  e, eu by /Necão .

                    Nós começamos  numa cidadezinha do sul do Brasil chamada Porto dos Casais > , que mais
       tarde veio a se chamar Porto Alegre , a cidade dos gaúches >.

                    Depois de comermos muito churrasco e bebermos um líquido verde, nós embarcarcamos numa
       locomotiva municipal , para viver  uma coisa americana  chamada ,"Vivendo a Vida de Lee"
       Esta história esta contada no meu blog chamado http://hallai-hallai.blogspot.com (blog do necão), em oito depoimentos>.

       Depois de tantas aventuras , nós nos reunimos na Casa de Cultura Mário Quintana, e juntos levantamos nossos violões para o alto, e bradamos aos ares daquela capital do final da linha do Brasil :- "Pela honra e pela

nossa terra, vamos para São Paulo para satisfazer os nossos desejos mais puros e para representar esta aldeia que nos deu coragem, orgulho, loquacidade, elegância e sobretudo a descoberta fascinante de que santo de casa não  faz milagres" ! >

      Colocamos alguns violões velhos na bagagem (afinados), nos despedimos das namoradas que ficaram
abanando no cais da  Mauá e com os olhos cheios de lágrimas, lá fomos nós , 4 rapazes desbravar terras estranhas.>

     O navio ia se afastando do centro de Porto Alegre, e também deixando de lado aquela "culturinha" de

"cabelo chanel", tipo assim :- Um Plano para Remodelar a Capital / Guerra dos Farrapos / A Herança das Missões / Os Irmãos Saraiva, /Passo Fundo a Última Praça do Caudilho / A Cabeça de Gumercindo / Mulher Valente Sepulta General Maragato / Garibaldi e Anita se Amam na Guerra /Ódios e as Paixões de A Federeação / Os Desfiles da Semana Farroupilha / a Maldição das Dores /Uma  Terra de Passagem...>.

   Em nossas cabeças , éramos 4 "homenzinhos adultos", não havia mais lugar para as tragédias clássicas; a paixão pela música
que nos era jogada na cara entre a realidade e a ficção, pedia uma platéia ávida , intensa que fizesse esquecer todos aqueles problemas reais de uma cidade cheia de conspirações políticas.> .
  Nós, não teríamos mais o explendor da Côrte ,que era publicado diariamente num jornal chamado Zero Hora,
em que todos queriam trabalhar , mas que só alguns conseguiram . Nós, 4 rapazes bonitos, não teríamos mais o sensacionalismo das intrigas daquela época brilhante.>.

O Quarteto de Violões foi  navegando ao som de :- Vento Negro Gente eu sou / Quero luta guerra não /
Erguer bandeiras sem matar ... / Vento Negro é furacão...! Versos de um poeta passageiro , que subia numa caixa de maça no mercado público da cidade , num tempo de heróis de pena em punho, esgrimando pela
fama e pela dor.

                                       continua...