JERÔNIMO
JARDIM* DURANTE O ZEN
“Pra
não dizer que não falei de flores, o que
é verdade..., vou falar
agora de jardim...!”
JERÔNIMO
JARDIM*
Não
vou falar o que já falaram no ponto de vista do que já foi publicado.
Toda
história tem um éter mutável e vivo, só sei que pouca coisa eu sei, mas não é,
em círculos , na verdade é, em hélice ,foi acionado pelas ruas, jornais , livros, rádio, discos e nada mais...!
PENTAGRAMA
A
primeira vez que vi Jerônimo Jardim foi no de 1976 , me lembro que foi na
entrada do edifício da Rádio Continental na rua da Praia.
Lá
estava Loma , o Ivaldo Roque com um violão a tiracolo e o Jerônimo.
Pentagrama
era o nome do grupo, o Ivaldo Roque mandava um violão muito legal, a Loma era
uma menina com cabelo bem curto (afro), e com um sorriso de extrema pureza,
bela - era muito linda.
O
Jerônimo com uma tira na testa (vincha), o Ivaldo era um garoto muito sério , pelo
menos aparentava isso.
O
som do Grupo tinha um timbre Edu Lobo e os vocais lembrava também aquela
armação vocal da Marília Medalha, que naquele tempo já tinha participado com o
Edu dos festivais de MPB da Record.
O
Pentagrama em Porto Alegre foi um grupo “lançador de foguete”, um som
contemporâneo com uma pitada de esquerda, muito parecido com o vôo de um grupo que
apareceu muitos anos depois , mas com a mesma intenção intelectual que foi o Tambo do Bando.
Aqueles
tempos era uma geléia geral em matéria de notícias - Síndrome do Vietnã do Norte, Saigon, Watergate, o
levante de Soweto e a Radio Continental de Porto Alegre.
Naqueles
tempos Porto Alegre tinha sol, produzido por seus artistas , e Jerônimo era uma
destas tochas com sua presença sempre inquieta.
Na
verdade o século XX foi um século americano e também um século do desafio
comunista, a gente se envolvia direta ou indiretamente nestes assuntos mesmo
tocando violão e fazendo vocal na Continental e no Teatro de Arena.
Jerônimo
construiu muito coisa dentro destes anos da “Era dos Extremos”.
Eu
não acompanhei tudo , por isso estou tendo um olhar sobre Jerônimo, dentro da
minha capacidade daqueles anos em que eu olhava a distância, mas sempre ligado
naquelas histórias de “Tapete Mágico” , em que todos nós vivíamos.
A
Califórnia da Canção de Uruguaiana , Ayrton do Anjos, Luís Coronel , Geraldo
Flack , Toneco da Costa, Sepé Tiarajú de Los Santos, Pedrinho Figueiredo, Elis
Regina, Lucinha Lins, foram nomes que
estiveram com Jerônimo Jardim e voaram com ele no “Tapete Mágico”.
Um
brilho especial para sua Clair Jardim, companheira de um animus devotado , dito
pelo próprio Jerônimo.
1981
– PURPURINA*
A
década de 80 viveu a época do desemprego , novos setores de tecnologia-ultra –sofisticada
foram insuficientes para absorver os operários demitidos, e a música Purpurina
obra maior de Jerônimo Jardim , no meu modo de entender música , levou a “Mãe de todas as Vaias” no Rio de Janeiro.
Engraçado
que aquela vaia foi uma reação neoconservadora que acompanhou toda década de
80.
O
thatcherismo inglês foi o paradigma de tal modelo. A Era Regan confirmou a
reação conservadora que já vinha se operando e, Purpurina sofreu as armadilhas
daqueles tempos
de
... “nenhum canto se elevará”.
O
tempo seria o tiro do ser , as flechas daquele dia foram silenciadas e Purpurina
se transformou numa canção que Tom Jobim não fez.
Jerônimo
Jardim jogou um pouco de ouro , com sua obra no solo de Porto Alegre e do Rio
Grande do Sul
Salve
Mestre !
Nem uma lanterna no olhar/Nosso show não pode acontecer/
Sem o palco se ascender/ Eu não vou representar/...
é na minha opinião um dos mais belos desencadeamentos de acordes
da MP de todos os tempos ...coisa de gênio !
Purpurina
Jerônimo Jardim
Se
você pensa que vai me seduzir
Se
você pensa que vai me arrepiar
Pode
ser, mas eu sou feito purpurina
Se
uma luz não ilumina
Não
há jeito de brilhar
Se
você só chega por chegar
Nem
uma lanterna no olhar
Nosso
show não pode acontecer
Sem
o palco se acender
Eu
não vou representar
Se
você pensa que vai me seduzir
Se
você pensa que vai me arrepiar
Pode
ser, pois eu sou feito bailarina
Se
a ribalta se ilumina
Fico
roxa pra dançar
Se
você pensa que vai me seduzir
Se
você pensa que vai me arrepiar
Pode
ser, mas eu sou feito purpurina
Se
uma luz não ilumina
Não
há jeito de brilhar
Pode
ser, pois eu sou feito bailarina
Se
a ribalta se ilumina
Fico
roxa pra dançar.
OBRA
·
Abolerado blues (c/ Geraldo Flach)
·
Amsterdã (c/ Timóteo Lopes)
·
Astro haragano
·
Baba do Chico (c/ Paulinho Tapajós)
·
Cama desfeita
·
Cartas digitais (c/ Clair Jardim)
·
De viva voz
·
É isso aí
·
Eu vim do Sul
·
Lenha na fogueira (L`huile sur le feau)
(c/ Clair Jardim)
·
Milonga (c/ Raul Ellwanger)
·
Minha nega
·
Moda de sangue (c/ Ivaldo Roque)
·
Não há mais chão
·
O amor é assim (c/ Luiz Coronel)
·
Perdoar
·
Purpurina
·
Se eu tô na boa
·
Sinto muito (c/ Greice Morelli)
·
Vento e pó
·
Violão, meu Violão
·
DISCOGRAFIA
·
(2011) De viva voz (Jerônimo Jardim) -
CD
·
(2003) Quando a noite vem • CD
·
(2000) Estação • Virtual Musix • CD
·
(1997) Digitais • RBS/RGE • CD
·
(1985) Terceiro sinal • RBS/Som Livre • LP
·
(1982)
Jerônimo Jardim • PolyGram • Compacto simples
·
·
(1978) Jerônimo Jardim • Isaec • LP
·
(1977)
Grupo Pentagrama • Continental • LP
·
·
Rio Grande do Som. Teatro da República,
PA.
·
Transas & Milongas. Teatro da
Assembléia, PA.
·
Pentagrama em Pauta. Turnê pelo Rio
Grande do Sul.
·
Suor e Sal. Circo do Pernambuco. Porto
Alegre, RS.
·
Gira da Canja. Teatro da Assembléia.
Porto Alegre, RS.
Em
tempo
Entre seus
parceiros mais constantes, destacam-se Ivaldo Roque, Geraldo Flach, Luis
Coronel, Raul Ellwanger, Nana Chaves, Paulinho Tapajós, Toneco da Costa, Bebeco
Jardim, Jaime Vaz Brasil, Peri Souza, Antônio Carlos Machado e Sérgio Napp.
Constam da relação dos intérpretes de suas composições artistas como Elis Regina, Lucinha Lins, Paulinho Tapajós, Lúcia Helena, Suzana Bello, Flora Almeida, Loma, Muni, Victor Hugo, Neto Fagundes, Leopoldo Rassier, Cenair Maicá, Peri Souza, Raul Ellwanger, Grupo Quero-Quero, Ângela Jobim, Greiceh Monrelli, Henrique Mann e João de Almeida Neto. Lançou, em 2011, o CD “De viva voz”, contendo suas composições “Cartas digitais” e “Lenha na fogueira (L`huile sur le feau)”, ambas com Clair Jardim, “Sinto muito” (c/ Greice Morelli), “O amor é assim” (c/ Luiz Coronel), “Amsterdã” (c/ Timóteo Lopes), “Violão, meu violão”, “Minha nega”, “Perdoar”, “Cama desfeita”, “É isso aí”, “Se eu tô na boa”, “Não há mais chão” e a faixa-título, além de “Acordei em Madureira” (Ciro Vaz e José Ducos).
Constam da relação dos intérpretes de suas composições artistas como Elis Regina, Lucinha Lins, Paulinho Tapajós, Lúcia Helena, Suzana Bello, Flora Almeida, Loma, Muni, Victor Hugo, Neto Fagundes, Leopoldo Rassier, Cenair Maicá, Peri Souza, Raul Ellwanger, Grupo Quero-Quero, Ângela Jobim, Greiceh Monrelli, Henrique Mann e João de Almeida Neto. Lançou, em 2011, o CD “De viva voz”, contendo suas composições “Cartas digitais” e “Lenha na fogueira (L`huile sur le feau)”, ambas com Clair Jardim, “Sinto muito” (c/ Greice Morelli), “O amor é assim” (c/ Luiz Coronel), “Amsterdã” (c/ Timóteo Lopes), “Violão, meu violão”, “Minha nega”, “Perdoar”, “Cama desfeita”, “É isso aí”, “Se eu tô na boa”, “Não há mais chão” e a faixa-título, além de “Acordei em Madureira” (Ciro Vaz e José Ducos).
Jerônimo Jardim
Um comentário:
Jerônimo Jardim, hoje amigo
Que me trata de poeta
Sua genialidade somente é suplantada por sua bondade.
Talento inigualável, estou esperando com ansiedade sua obra, esta que será sem dúvida um marco na música deste país.
Acompanhei a criação, por suas postagens, e vou estar na primeira fila do show de lançamento do disco.
Salve Jerônimo, salve Necão, salve nossa música.
(Delvan).
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