segunda-feira, 26 de setembro de 2011

FÊNIX *

 ...em algum lugar do passado....

                                  by *necão

 


Sempre fui adepto de agenda, devo ter em meu armário mais de 40. Isto

 tudo quer dizer, 40 anos de vida.

E, exatamente dentro de uma das agendas , que encontrei um esboço;

 desenho de uma árvore, com o nome de todas as gurias que

 passaram

 pela minha retina e moraram por vezes em meu reino de sentimentos.

 Estas anotações ajudaram minha memória a lembrar de fatos que me

 surpreenderam.

A evolução desta vez vai caminhar para trás, esta tendência vai

 mostrar aquele momento em que elas surgiam de repente, na faixa ,

 no clube, no colégio e, deixavam no ar, aquele “zooom”!

As flechas naquele tempo tinham por alvo o coração,

não os genitais.

A ingenuidade e a inocência pueril daqueles tempos,

passaram  por cima  de tudo.
.
Todas as descriminações sociais da época, que tinham os instintos

 aguçados, ficavam a margem, do que eu levava na cabeça... , sonhos,

 cinema e música.

Aquilo , sim... ,  musas e os contornos daquela ilusão toda, era o que

 brilhava , onde os olhos revelavam todos os sentimentos.

 
A estrutura patriarcal , em que as mulheres começaram os anos 60,

 era totalmente subjugadas pelos homens (pais), e nós os guris,

 passamos aquela

época, construindo pontes , paraísos  e jardins do Éden ,para que os

 nossos sonhos pudessem passar por cima de todas aquelas

 convenções sociais.

 
O coração funcionava como um tambor, vasto, imenso, oceânico ;

 junto  das canções da época, que ajudavam a todos nós ,  a curtir a

 vida ,a idealizar a mulher perfeita , através das gurias , que estavam

  passeando  pelas calçadas e clubes de nossa cidade.

 


O desenho das musas, começou a se manifestar bem na época

do “Era uma vez ...”, ou seja >  O reino que começava

a se descortinar e a descobrir as noites estreladas, as noites de

 intensas serenatas , as noites de Julietas nas janelas, a espera dos

 Romeus.


 

Numa das folhas desenhadas na árvore da minha agenda, (anos 60)

 vejo o nome de Rute; morena tipo Brenda Lee ,> a Brenda Lee não

 chegava aos pés da Rute, mas a época dela, sim ; cantando a música

 “Dinamite”, que fazia a trilha sonora para a Rute passar,

e se transformar, na “garota papo firme”, com aqueles  olhos

 faiscantes,  com a certeza de ser

a mais bela do Reino. Ela mesma fazia a seleção, escolhia quem devia

 ser sua amiga , tal a certeza de ser bela. A frase:-“ Óh , que Broto

Legal” ; definiría a Rute .


Depois em outro desenho da árvore vejo escrito assim, “as filhas do

 dono da Tabacaria” ; Marli e Marlene! Engraçado, eu ia lá, só pra

comprar , folha de papel almaço, só pra ver as gurias , mas a gente só

 encontrava , era seu pai, elegante, com cara de escritor americano

 com tédio, mas de vez em quando, dava de cara com elas, era bom

 ,”muito bom” ! Aquelas cenas da Tabacaria Vera Cruz, sempre me levou

 a

Fred Astaire naquele filme ; “ O caminho do Arco-ìris.”


 


Tinha a Carmen Lúcia , pequenina, que estava despontando, muito

 mimada, mas preparando-se para

assumir o cargo da mais linda do pedaço. A casa dela sempre estava

 fechada , parecia proteção demasiada para quem ainda não era

 aquilo, mas prometia .

“O pequeno Príncipe”, quando

, lembrei da Carmem Lúcia.

A Mariza do Sulbanco , parecia um manequim de hoje, elegante e

 frágil, estudava na minha aula, e seus pais buscavam ela de

 automóvel no colégio, que ficava apenas à uma quadra do Banco,

 eles tinha residência no fundo da agência; áhhh ! que mundo bom!

Nos tempos antigos , a mãe falava muito de uma atriz chamada Teda

 Bara que tinha feito um filme chamado ; “Beije-me seu tolo”, este

 título cabe bem pra Mariza do Sulbanco.

 

A irmã do Daniel, morena,  com uma manchinha vermelhinha no rosto,

 era só mistério ,ela olhava pela janela e a gente pensava  ser o único

 guri da cidade.

As vezes ela saía, mas ficava no ar, aquela pergunta?

Namorar esta  menina vai ser uma função, quanto mistério terei que

 desvendar, vou passar a vida inteira tentando decifrar “ o caso da

 mulher arquétipa” . Aquelas imagens sedutoras numa das travessas

 da Pe. Claret ,cairía bem no filme do Dustin Hoffmann ; “ A primeira

 noite de um Homem”.

 

A filha da dona Laíde , a Lídia, que quando cresceu botou pra

 arrebentar na faixa, de repente ela despontou,  desenvolveu  o poder

 das ancas, num corpo saudável, num mundo instintivo. O estilo que

 ela adotou só poderia ser lembrado com aquele filme

“9 Semanas ½ de Amor” , com a Kim Bassinger.


 

A Auda , a irmã do Cauby , primeiro homossexual do planeta

terra, que morava em nossa tão bonita cidade , que naqueles tempos

 todos chamavam de “putus” , (em latim fica mais elegante.) A Auda

 só

 olhava; eu pensava, ela deve ter a sua própria música,o próprio livro,

a igreja,...etc..., ou talvez um trauma pelo irmão, uma coisa antiga

 acompanhava aqueles

olhos de Auda.
.
Muito engraçado , ela sempre me lembrou aquele filme nacional;

" Eternamente Pagú".

 
 

...mas tinha a “Nena do Lico”, menina “lôra” autêntica,

super fina , mas com um olhar , entre o triste, e o "alegre doce que eu

 sorvo" , as vezes eu  pensava ,que ela queria alçar vôo  até os nossos

 espíritos, pois ela olhava de um jeito profundo , como querendo

 revelar, ou falar alguma coisa muito boa, e que nós todos, não

 demos oportunidade a ela > de disser. Um filme da Kim Bassinger

 ajuda a lembrar a Nena do Lico. “Nunca mais Outra Vez”.


 

A Helena, figuraça ,morena, tranças longas,passeava pela avenida

com porte de princesa, o destino parecia que falava : você será uma

 mulher cheia de vida, bronzeada pelo sol . " Love Story ", lembra

 Helena...Helena ...Helena !

 

Antonieta do “Simca”, lôra ,magra,espontânea e feliz, morava na

 “faixa” ,

 num apartamento em cima do Sul Brasileiro. Dei um compacto

 simples

 pra ela ( Uma Lágrima Sulviso/do Bob Solo), num de seus muitos

 aniversários.  Ela era isso mesmo ,uma coisa nova no pedaço, uma leve

 suspeita de ser a garota dos sonhos, naquela cidade que tinha um

 ênfase especial, uma atividade lúdica no ar.

Antonieta pode ser lembrada com o título daquele filme da Jodie

 Foster

A menina do outro lado da rua “



 

Shirlei da Malta, olhos que me davam a impressão de alguém que

 tinha por missão ,” resgatar um um tesouro do fundo do mar,” tal o

 excesso que transmitia dos perigos da vida por aqueles olhos

 mágicos.

Julie Christe , atriz britânica me leva a Shirley da Confeitaria Malta,

 com o título daquele filme :- “O Céu pode Esperar”.

 

Solange, “lôra”,educadíssima,sempre com os olhos super espertos,

 sempre tive a impressão que ela só bebia chá da Inglaterra.

Pensava eu, quando será que ela vai aparecer na frente daquela casa

 bonita cheia de folhagens, numa hora boba , as 4 da tarde  e ficar no

 portão . As vezes levava ela do colégio pra casa, ela caminhava super

 rápido, e não olhava muito para o lado , somente para frente , tinha a

 impressão que tinha pressa em encontrar o futuro. A Solange sempre

 me pareceu uma menina  fora daquela onda : Vamos aproveitar

 enquanto há tempo” , isto não, não servia pra ela.

Talvez invertendo a frase do título daquele filme argentino, daría

 certo com a Solange: “Matemática dez, Amor Zero”.

 
 

A Vera do “Binho”, tinha o porte das estrelas da Globo,

alta , elegante, com rosto de “pós adolescência”.

     Sempre vi, ela a distância, do outro lada da calçada, nossas

 calçadas 

nunca se encontraram .Ela não prestava atenção no que passava a

 seu lado,

altiva e sincera, passou muito rápido por sua própria juventude.

Quando a gente notou, ela não estava mais na cidade.

“Suave é a Noite”, com a Jennifer Jones, define muito

bem , o brilho da Vera do “Binho”.

 

A Gessy da fazenda ,chegou na cidade como um balão mágico,

 ninguém sabía as origens da garota. Ela era de uma beleza rural , tipo

 assim “namoro a cavalo”.

Começou a estudar no noturno e, sempre em dia , bem arrumada ,

 maquiada, e disposta a bater um “bom papo”, ainda mais quando

 chegava para a aula do colégio noturno.

Ela carregava doçura , força e, um olhar de quem já tinha participado

 da  alguma guerra pessoal.

Ela morava na Fazenda do outro lado da federal, e a gente  levava

 ela

Até o Pórtico “Bem Vindo Seja “, na entrada da cidade.

Um filme do Robert de Niro, “Não somos Anjo” , serve sob medida para a

 Gessy .

 
 


Maria Aparecida, furacão ...chegou na cidade para trabalhar no banco

 Agrícola Mercantil.

Todos os cidadãos começaram a freqüentar o Banco Agrícola, só para

 ver a Aparecida.

Todos se apaixonaram pela Apa, ela arrazou com suas mini-saias, cheia

 de cores, parecia a materialização da primavera , tal seu riso e

 disposição quando passeava pela avenida .

Levava no olhar , um vago gesto senhorial , sabía o que estava

 fazendo ali , naquela cidade cheia de homens que jogavam “bolão”,

 no clube.

“Totalmente Selvagem” em que estrelou Melanie Griffith , lembra

a bela Aparecida.


 


Sueli, estrábica ,(naqueles tempos ser estrábica era o fim) mas show

 de garota !

Quando passava na frente do “Bar Garça”,(há bar garça), era uma

 explosão de maus olhares , "que coisa" > murmuravam todos.

Mas bhá ,ela passava como um “trator”, rumo ao seu destino

que era também no “Meu Cantinho”, um clubezinho da perifa > muito

 legal !

Ela não era algo pra sempre, mas incomodava .

“Projeto Secreto” , cabe bem pra Sueli ,um filme em que o mocinho

era o Matthew Broderick.

 

Maria Luiza, estudou comigo na” aurora da minha vida”.

Ela sempre chegava no Colégio, como um “Tapete Mágico”, não fazia

 barulho, lembro dela com a merenda na hora do recreio,

embrulhada num guardanapo “chique”.

Sempre foi uma menina presente, sincera, desperta.

Sempre tive a sensação que  Maria Luiza era o protótipo de uma menina

 feliz >  pelo porte e pela cordialidade

com que tratava a todos.

Uma menina tranquila era a Maria Luiza !

Ela foi a primeira linda, que eu tive o prazer de ver, naqueles anos

 sessenta, que saiu daquela família de muitos irmãos e irmãs.

A “Época da Inocência” , filme com Winoma Ryder, marca

na minha mente a Maria Luíza.

 

As Gurias do “Meu Cantinho, eram muitas, que nos finais de semana ,

 levantavam vôu como borboletas, e seguiam

para o Cine Palácio, comandadas pela Orquídea e a Brigitte,

duas” lôra ” com requintes de beleza .

A Brigitte dava a impressão de que, nunca mais alguém iría fabricar

 outra mulher igual aquela.

Ela passava, e o vento ficava a favor dela, deixando

a cena em tons vermelho e rosa com folhas a rolar

pelas calçadas do Bar Garça.

Os “bebuns” do bar, paravam com o copinho (martelinho)

no ar, não acreditavam no que estavam vendo.

As outras , que acompanhavam ela , também não deixavam

por menos, despertavam paixões paralisantes , naquelas tardes de

 domingo, quase noite, nos rapazes do “Bar Garça”, que pertenciam a

 2ª

 linhagem da cidade..

Incrível, mas isso acontecia toda vez que as gurias pintavam

na avenida principal da cidade.

Não podería ter outro título.

“ E Deus Criou a Mulher”.

FIM*

 

Importante : Cientistas estão intrigados pelos resultados obtidos por

 cientistas no Centr0  

Europeu de Investigação Nuclear ( CEM > da sigla em inglês em

 Genebra, que

afirmaram ter descoberto partículas subatômicas capazes de viajar

 mais rápido do que

a velocidade da luz.

Isto tudo quer dizer que em > muito breve poderemos voltar ao

 passado.

( Jason Palmer > BBC NEWS - 22/set/2011 )

THE END !
                                                                                                          






2 comentários:

Luís Cláudio Delvan disse...

Mulheres milenares, lembranças amadas.........
Cada um tem as suas.
Sempre tão perto e as vezes tão inatingíveis.
Mas por que nos faltou a ousadia de tentar.

HALLAI* disse...

... Delva, se existirem dúvidas é só cantar momentos / desses loucos e ainda amantes / tempos ...tempos... e tempos !
abraço/ Necão