quinta-feira, 1 de outubro de 2009

DEPOIMENTO ( 6 ) Visões de Estrada *

Hallai*Hallai Necão Cast*Paulinho Zam* Mr. Robson


                   * A magía do interior gaúcho nas visões do "Vivendo a Vida de Lee"*

                                                             * Visões de Estrada *
                                                                         Vivendología de Lee*

ENTREVISTADO : NECÃO CASTILHOS
PARTICIPAM
NANDA (ANANDA SOUZA MORAIS) PUBLICIDADE
LUCAS (ALBERTO LUCAS RIBEIRO)JORNALISTA
FANNI (STEFFANI DIAS) (LAY OUT PRODUÇÕES)
MARCO SILVEIRA (ESTUDANTE UFRGS)


CONCERTO Nº 4 / CAXIAS DO SUL/MARÇO/1976
CONCERTO Nº 5 / PASSO FUNDO /AGOSTO/1976
CONCERTO N° 6 / CAXIAS DO SUL/SET/1976
CONCERTO Nº 7 / SANTA MARIA /SET /1976
CONCERTO Nº 8 / PELOTAS /OUT/1976


“Pelo grande vale um belo rastro ele deixou /
Cavalgando á noite as estrelas namorou”
(hallai hallai/ 1976)
Vivendo a Vida de Lee* "on the sky" pelo interior gaúcho*
“é hora de partir , leva o que precisares,
o que pensas que perdurará /
o que quer que desejes conservar,agarra-o depressa/
além está o teu órfão com uma arma /
gritando como um fogo ao sol /
cuidado, já vêm aí os santos/
e está tudo acabado, BABY BLUE” .

                       Dylan*



esquerda p*direita > Sergio(Hallai) Robson (Hallai) Paulinho(Hallai)Necão(Hallai)
em baixo > Fernando Pesão (Mantra) Inacinho(Mantra) João Antonio (Inconsciente Coletivo)
Zé Flávio(Mantra) Beto Roncaferro(Produtor) Tv. Caxias
Todos cantando a música Cowboy*
Lucas / - Como foi a escolha dos músicos para estas viagens ao interior ?


Necão / - Te falo o seguinte, pra mim, os artistas. músicos e todos que trabalhavam na montagem e divulgação dos Concertos, tanto na capital e no interior , já estava formado na cabeça do Julio muito antes das viagens propriamente ditas. O - Vivendo a Vida de Lee - , o time foi este, com raríssimas exeções, ALMONDEGAS, HERMES AQUINO, FERNANDO RIBEIRO,INCOSCIENTE COLETIVO,MANTRA, HALLAI HALLAI, GILBERTO TRAVI E O CÁLCULO QUATRO,A EMPRESA COTEMPO( EGON) O ANELI, O JÚLIO E O BENDER DA LEE... estes eram os músicos que rolavam diariámente no programa do Mr.Lee (Julio Furst / e depois entraram na programação da Rádio Cotinental.
Estas eram as pessoas que estavam sempre na Continental, sempre atentas , procurando sempre dar idéias gravar músicas com o Anele, falar com o Júlio, participar ao “vivo”
quando o “Mr. Lee estava no ar, trocar “figurinhas”, incentivar os lances, trocar energías, e falar sobre música.
Para saber quem realmente fez o “Vivendo a Vida de Lee”basta verificar quem rodava na super quente naqueles tempos (75/76), estes foram os músicos batalhadores que
imprimiram com um “puta astral” e deixaram o nome escrito nas paredes de Porto Alegre através do “VIVENDO A VIDA DE LEE” (1975/1976).


Lucas / - Entendi , é a mesma coisa que dizer que os Beatles participaram de “Woodstok”, mas existe pelo que se lê por aí uma certa confusão. Pois muita gente pensa que “Os Beatles “ participaram do “Woodstook” .


Necão / - Quem vestiu os trajes Lee de “corpo e alma”foram os que eu citei (risos)


Nanda /- A gente tem uma certa curiosidade do perfil desse “povo” todo, como tu conceituas ?
Necão / - É difícil pintar este quadro (hoje),a significação de tudo na época passou desapercebida, hoje eu creio que foi o simbolismo que criou o clima necessário para que tudo aquilo fosse possível. O “ Vivendo a Vida” não subverteu ordem alguma com sua arte , ela também não se desvendou a qualquer um, ela possuia um aspecto harmônico que se revelava nos Concertos e no Rádio. Todos alí
criaram sua própria realidade e o Júlio harmonizou tudo aquilo dentro de uma linguagem pessoal com influência direta do patrocinador.


Nanda / -Poderia dizer que foi mais no campo experimental do que teórico ?
Necão / - Sem dúvida , vamos dizer assim, prudentemente pintando pequenos buquês de flores em vasos de porcelana.
Nanda / - Necão, agora fala destes personagens ?


Necão / - Os ALMÔNDEGAS , já tinham vida própria , e possuíam uma receita acadêmica nutrido pelo Fogaça, que era professor do famoso IPV (cursinho pré vestibular) que na época era o “grande lance “. Eu não lembro muito bem, mas eu acho que os integrantes dos ALMÔNDEGAS , nunca viajaram de ônibus junto com os músicos do “Vivendo”.
Êles já tinham agenda lotada , eu acho que foi isso.
O kleiton era o mais acessível , o restante me parece que vivia dentro de uma pátria mental exclusiva.
HERMES AQUINO , sempre foi artista, amizade estreita, diretamente ligado na música,muito amigo do Anele,sabia utilizar muito bem as experiências visionárias musicais, pródigo em seus segredos, a fixidez á certeza que representava muito no “Vivendo”. A música “Macho Picho”pra mim foi a obra que marcou a estética do movimento.
O hallai sempre teve bom relacionamento com o Hermes, inclusive no Concerto em Passo Fundo, o Hermes chamou o hallai no palco e juntos cantamos “My sweet Lord”, foi um grande momento tipo assim “SOM 4”; até que ficou presença aqueles “ baita magro” fazendo vocal.
FERNANDO RIBEIRO,emoção, que em nós do hallai despertava ,tinha composições de complexidade crescente,alguns aspectos da vida, vivia, como se fossem os últimos, o hallai hallai teve um grande amigo em Fernando , ele muitas vezes esteve em nossos ensaios, e foi num desses,que nos mostrou a música “Quando Viajar pro Norte” ,que o Paulinho fez um extraordinário arranjo para 4 vozes e que o grupo deu uma fantástica intrepretação. Foi em Pelotas que fizemos uma surpresa a Fernando, e pela primeira vez cantamos esta canção... o Fernando estava atrás das cortinas e nós mandamos, no final abrimos em 4 vozes “Pare você já foi longe demais”...longe demais...”
o Fernando gritou antes dos aplausos...bravo...bravo...
inesquecível. Até hoje me emociona....


( pausa , pintou uma forte saudade )


Necão / - Quero deixar registrado também o nome do grande músico que fazia parte da banda do Fernando,TONECO um gentlemann em todos os sentidos, e que namorava uma super gata (será que ele casou com ela?)
O AYRES , era outro músico da banda , figura erudita,muito pouco “papo” ,mas gente boa.


Lucas / - Que força tudo isso , sinto uma coisa assim possante e muito forte, o Júlio teve muita sorte em reunir tudo isso naqueles tempos, mas Necão continua...assim a coisa toda se revela de forma diferente e interessante.


Necão / - INCONSCIENTE COLETIVO, um estilo assim,24 de outubro (street), aqueles 03 jovens bonitos, com a ÂNGINHA dando um toque cheio de sensações de artistas despreocupados que descobrem de repente o mundo, levando algumas “ leis tradicionais” e outras para romper através de suas músicas.
O JOÃO ANTÔNIO , sempre demostrou um interesse genuíno pela música ,sempre preocupado com as afinações dos vocais ,era o mais interessado em que tudo desse certo. O XANDI, no estilo“Bob Dylan”dedicava toda atenção a Ânginha...nem poderia ser diferente, os dois criaram um universo próprio um “lago azul” como Lee jeans. (risos)
Nas apresentações sempre aquele som folk , com muita pureza e beleza...realmente eles eram “Fadas Douradas”.
A apresentação em Pelotas no Theatro Guarany, pra mim foi marcante ...”Abra a janela e respire o novo ar da manhã”...o” Inconsciente” devia ter seguido a estrada, o folk depois estourou no País.

da esquerda p/ direita –Necão (Hallai)Ângela(Incosciente), João Antonio (Inconsciente)& vocalista do Travi (?), esta foto foi em Passo Fundo estávamos preparando um grande vocal que devería ter sido gravado.(1976) Hallai + Inconsciente + Cálculo 4 .


Fanni / - Na verdade eu sinto, hoje, que existia um universo em construção no “Vivendo” fiel a si mesmo.
Marco / - Sim , mas eu acho que esta estrutura mental era unicamente entre o Julio e os músicos , nada mais.

Lucas / - É difícil traduzir com um olhar de hoje, tudo que rolou, eu li certas afirmações no livro da Continental de certas pessoas que não entenderam nada do movimento,pois fizeram afirmações muito simplistas de tudo que houve. Gente citada, que na verdade não viveu nada .


Nanda / - Mas Necão, vamos em frente, nos fala do Mantra.


Necão / - MANTRA , Uma Banda pouco preocupada com a simultaneidade entre espaço e tempo , já naquela época,longos solos do ZÉ FLÁVIO , músico de muito talento para
aqueles dias, sempre alegre, mas levava uma inquietação.
PESÃO , “Batera”, seletivo, ele e o Bebeto Mohr eram os melhores , tinham um capricho total com seu instrumento,aquela “cara” de inglês , Garfunkel, nunca falava de brincadeira era tudo negócio, nada pessoal, este era o Pé.
O INACINHO”, garoto feliz, gente especial, alto astral a gente se relacionava muito bem. O Mantra tinha uma gama inteira de composições derivadas da mocidade que viviam
naqueles momentos mágicos. Muito Bom !


Nanda- Gilberto Travi e o Cálculo Quatro ?

Necão - O TRAVI E O CÁLCULO QUATRO , o GILBERTO
tinha “ tweeter” na voz, eu acho que foi a melhor fase da vida dele, ele deve lembrar com saudade desses tempos . Eles faziam assim , uma música “modern stylle” sob as influências do cotidiano, era a parte dos Concertos da distração do bom humor, me lembro que em Passo Fundo(vê só quanto coisa aconteceu em passo Fundo) o irmão do Gilberto ,que era muito parecido com o Belchior fez um lance genial, o Júlio no meio do Concerto , chegou no micro e tascou:- Estamos recebendo uma visita de surpresa.
Belchior veio especialmente a Passo Fundo para cantar no“Vivendo a Vida de Lee”, foi aquele auê, (Belchior nesta época era o grande ídolo que estava surgindo no Brasil .
Entra no palco o irmão do Gilberto, igual ao Belchior e o Anele tasca a gravação :- Eu sou apenas um rapaz latino americano, sem dinheiro no banco... a luz baixou e era o próprio BELCHIOR , numa apresentação genial do irmão do Gilberto. O público vibrou como se fosse realmente o Belchior. A Banda e o Gilberto tinham uma singularidade legítima .


Nanda / - Agora o Hallai Hallai, sem dúvida ?


Lucas / - Com a cabeça fria que é bom, afinal já passaram décadas ?


Marco / - E que seja antes da primeira viagem do “Vivendo A Vida de Lee , que dizem que a gente nunca esquece?


Fanni / - Para o quadro ficar completo , nada mais justo.


Necão / - HALLAI , PAULINHO , NECÃO , ROBSON & SERGIO , na verdade um grupo de vocal e viola que nasceu das estradas secundárias da grande Poro Alegre, apesar dos primeiros ensaios terem sido feitos no bairro da Glória .Tocávamos Crosby, Stills & Nasch, nas noites quentes de uma Canoas cheia de bandas e bons músicos, muito antes do “Vivendo”, depois do Rio,depois dos bailes, depois das brigas, depois dos bailes das debutantes , depois das namoradas, descobrimos clima favorável na atmosfera íntima da vida familiar, animados por nossos próprios violões, cuja poesia soubemos extrair.
Paulinho , irmão de fé , desde os tempos da adolescência, até hoje estamos juntos na realidade , nos sonhos e nas canções. Robson o enigmático, mas com muito talento, Sérgio “eu sou nuvem passageira”, que se perdeu por aí. Na verdade este tempo foi um dos melhores vividos pelo Hallai, éramos jovens apaixonados pela vida e pelas circunstâncias. Quando entramos naquele ônibus para a primeira viagem, estávamos inteiro dentro do movimento, acreditávamos em tudo que falavam nos bastidores, éramos infantes do primeiro ônibus “Muitas aventuras seu coração levou/ Mas casou com a mocinha que com um beijo o derrubou”. Este era o Hallai Hallai início de tudo.


Nanda / - Hei , agora o Júlio Furst ?


Necão / - O Júlio é fácil, era o próprio dinamite aceso com o pavio curto, nunca vi o Cowboy triste ou sentado, o dinamismo do Júlio contagiava a todos, não tinha tempo ruim; de natureza artística, sabia tirar partido genial dela.
Sempre mostrou-se sensível ,quando apareciam problemas com o Hallai ; O Júlio sempre teve um pé no “on the road “e outro no” Gran Monde” , ás vezes no asfalto/ ás vezes no campo, não dava colher pra som ruim, e nunca tocou o que não quis, não separava, não discriminava quando o talento falava mais alto . Foi responsável direto pelo sucesso do movimento, nunca pediu “penico” pra ninguém . Cowboy durão. Não permitiu que qualquer ideologia comprometesse a espontâneidade do movimento, a serviço do qual colocou toda energia.


Nanda / - Pra não deixar ninguém de fora dos citados ,falta o Egon da Cotempo, o Bender da Lee e o Anele .


Necão / - EGON DA EGER , era o paizão da turma sempre solícito e educado ,e o BENDER “Bom Vivant”, alto astral,sabe aqueles cowboys do Texas, que estão a fim de festa.
Este era o Bender. O” ANELE O HOMEM DAS ESTAGIÁRIAS”simplesmente uma figura de histórias em quadrinhos que completava a roda do VIVENDO A VIDA DE LEE. Gente , já
ía me esquecendo de um “figuraço” o BETO RONCAFERRO que fazia parte da produção e também dava seus toques.


Lucas / - Pelo teu relato, posso identificar a formação de uma “escola” que ,quer queira ,quer não queira , deixou subsídios históricos que são sempre valorizados por novas cabeças que buscam a reconstituição da nossa “geléia geral musical”, que pra mim, que sempre gostei dos músicos de Porto Alegre é muito importante.


Fanni / - Eu creio que o “Vivendo”, não deixou assim influências , tendências urbanas musicais , mas deixou valores empíricos com métodos simples, o rádio , a música local abrindo espaço , com uma proposta nova para a época, e que hoje o “Buzina” ampliou , com métodos mais concretos e , pelo que sinto de longa duração. Isso tudo quer dizer que a colheita esta sendo feita hoje , o conceito é o mesmo , mas com maior abertura e consciência.
A “Escola do Vivendo”, deixou uma corrente com seus elos abertos. (palmas de todos) klap, klap, klap ...


Nanda / - Necão, conte agora , lances das viagens ao interior ?


Necão / - As viagens foram todas iguais, muito som dentro do ônibus, altos papos, encontros, vocais da hora , prazer eu sou fulano, me lembro que um jovenzinho estava sentado no primeiro banco da frente, eu perguntei quem era ? Eu sou Kalique , respondeu aquele jovem assustado,estou agora fazendo baixo no “Incosciente Coletivo”, sentei ali perto e travamos altos papos sobre música, O Kalique desde aqueles tempos pensava seriamente sobre música,sempre interessado no vocal do Hallai, perguntava muito sobre a “cama” de vocal , como é que nós montávamos
tudo aquilo, depois o tempo provou o talento do kalique na Ginga e grupo Canto Livre .A grande noite pra mim foi em Pelotas,no Theatro Guarani, foi tudo perfeito, antes a Rádio da Universidade fez várias entrevistas com todos , a noite foi de gala , todos os músicos se deram bem, as meninas lindas de Pelotas apareceram e foi uma festa de beleza, na apresentação do Hallai. Preparamos uns” sons” antes do grupo entrar no palco (helicóptero, máquinas, vozes) e o Dominguinhos Martins fez uma introdução pré gravada em estúdio, preparando o clima todo, entramos depois daquela “revolução” e começamos com a música “Natural” que falava de natureza , rios , montanhas, céus, águas, sobre uma cama de viola e vocal ...foi demais ! Me lembro também que o Hermes apresentou pela primeira vez nos Concertos uma música dos Beatles ,”Fool On a Hill “, foi com certeza em Pelotas. O Júlio deu uma “bronca” no Hallai :Pô caras , dois apresentadores, “qualé(-) ...o cowboy aqui sou eu !
Referiindo-se aquela pré gravação do Dominguinhos, aí eu dei uma pá de explicações pro “velho Cowboy”.
- É só um lance, aquela coisa da máquina sendo vencida pela natureza; não sei não ,xará , disse o “cowboy”, mas a coisa toda voltou pra paz ...mas nunca mais colocamos aquilo no ar!!!!! Antes da caravana chegar em Pelotas, O Bayar , que fazia parte da produção, mandou parar o Ônibus, e disse em bom som:- Seguinte, estamos entrando em Pelotas, aqui nesta cidade tem muito militar, se algum de vocês tem alguma coisa que vá contra as convenções sociais, coloquem fora agora...só deu neguinho abrindo a janela e mandando toda aquela “lenha” fora. Coloquei até comprimido pra dor, fora ( lá se foi as minhas cibalenas etc...(risos)
Em Caxias do Sul, aquelas italianas “modelos” de olhos azuis, a gente se achava o máximo, ainda mais com aquele “puta vocal”. Em todos os finais altas jantas, comemorações,abraços,promessas de altas gravações com o Anele, uma festa só ! Na volta de Pelotas tava frio pra caramba, não me esqueço, o Bayar sentou do meu lado tremendo de frio, reparti o cobertor com ele, nunca senti tanto frio. Mas tudo era regado com o sangue da juventude que corria em nossas veias.
Caras, nunca tivemos problemas de espécie alguma , nem em Hotéis,viajens,palco,e nos relacionamentos entre músicos. Existiam alguns “egos”, mas tudo dentro da normalidade. O Hermes com aquela calça de listras, uma vez perguntei a ele , o porquê daquelas calça, ele me respondeu :- Necão, a criançada gosta , lembra os super heróis ! Demais ...demais...! Em Passo Fundo antes de começar o Concerto, estava eu, Paulinho e o Júlio , observando os movimentos...o Júlio , lasca ;
-Vocês vão abrir o show hoje...o Paulinho , tasca:sem essa Cowboy, começar com vocal de cara, vai tirar toda a magia , bota uma voz solo de violão, começa devagar.
O Júlio, responde : - Sem essa devagar, hoje tem que ser no pau, Passo Fundo é dedo destroncado, temos que meter bala ... Caras , a coisa tava ficando preta ; Falei com Paulinho e disse , é mais uma experiência , não podemos correr dessa...ainda mais pro Júlio...o Paulinho não aceitava... pedimos um whiski na ponta do Bar, e as coisas começaram a fluir...cheguei pro Júlio e disse....Cowboy ,manda bala, coloque o Hallai , vamos entrar a mil, cinco minutos só de violas...e depois mandamos vocal , começamos com uma música chamada “Aguias”, que tinha uma letra feérica e um vocal monstro, deu tudo certo !!!!
Todas as cidades do interior que passamos tinha lá, seu lado pessoal e subjetivo, o “Vivendo” passava assim como uma fábula, interferindo por alguns momentos naquelas rotinas do preconceito , do amor e da saudade, por alguns instantes...mas sempre com uma hospitalidade suave e harmoniosa... O “Vivendo” foi uma coisa assim de independência, de conquista, é claro que teve outras causas de merchandising, dinheiro e patrocínio, mas na sua essência o sagrado se manteve...os músicos com valor em si !
Eu pensava naqueles tempos que tudo levaria uma eternidade para se acabar, e que nós nunca sairíamos das terras do “Vivendo”... á noite , naquele ar seco do interior, as estrelas viajavam dentro do ônibus...nada poderia mudar aquilo...living the life of Lee...



esquerda p*direita em cima> Kledir(Almondegas) Inacinho(Mantra) Zé Flávio(Mantra) Robson (Hallai)
Paulinho (Hallai) Necão (Hallai)
em baixo > Zézinho Athanásio - Kiko (Almôndegas) Sergio(Hallai) Fernando Pesão (Mantra) João Antônio (Inconsciente Coletivo)
Beto Roncaferro (Produtor Lee)
Profissionais, músicos e artistas foram estes que começaram as viagens pelo interior do Rio Grande do Sul.
Todos escolhidos por JÚLIO FURST.
ALMÔNDEGAS / HERMES AQUINO /FERNANDO RIBEIRO / HALLAI HALLAI / INCONSCIENTE COLETIVO / MANTRA /GILBERTO TRAVI E O CÁLCULO 4 /
Profissionais: Bender (Lee),
Bayar(studio 2)
Egon (Cotempo) ,
Beto Roncaferro (Continental)
Missiê Anele (Continental)
Mr. Lee *

É AKI XARÁ , O SOM DE LEE , GRAVADO NOS ESTÚDIOS
DA CONTINENTAL, COM RODAGEM MÁXIMA “.

                                                                                         ( Júlio Furst)




                                                                                         Continua...