quinta-feira, 28 de julho de 2011

Feedback (07) - *Hallai*Hallai na Cena*


            -São Léo nossa Montanha , e os bares nosso Oasis (dec/80)-

                       -  Cell, a garota de São Léo  -

...e então, nós três ali , entre músicas novas , novos arranjos ,um olhar pra cá , um olhar pra lá ..., com a sensação de que alguma coisa estava se desamarrando para emergir novamente.

Os ensaios a mil no “Casarão mal Assombrado” , o disc Compact estava para ser prensado com as músicas ,“Meu Lugar e Segurando o Vento”.

O Tony queria fazer uma apresentação em São Sebastião com o Hallai*,e com o Gelson Oliveira, e estava providenciando o lance .

Com o passar dos dias , as janelas do “Casarão” começaram a ficar lotadas, muitas pessoas da cidade ficavam curtindo nossos ensaios, que eram feitos na sala da frente .

Fizemos um contato com a produção da RBS,que naquele tempo(80), produzia um quadro para o Fantástico, e estávamos na espera para fazer a gravação no Parque da Harmonia da música “Meu Lugar”.

Quem conhece o ofício sabe : aguardar, ensaiar,soltar as ilusões ,bater “papo”,superar coisas, buscar, pensar junto com os dentes cintilantes da realidade.

Foi dentro deste clima que apareceu num dia daqueles , Cell a garota de São Léo !
                                      
Ela estava acompanhada de um rapaz de nome Henry, os dois ficavam curtindo os ensaios e quando terminava entravam na sala para conversar, perguntar , falar das músicas; o que significava Hallai*Hallai, enfim estas coisas todas.

Eu como sempre, fazia a social, o pessoal levantava acampamento e se bandeava para tomar um café e falar sobre a “batera”, arranjos e idéias para colocar em prática nas apresentações.

A Cell, notei de cara, se vestia muito bem, foi a primeira vez que notei uma bolsa Louis Viton, as jóias que ela usava não eram bijouterias, eram legítimas , roupas de griffe e de fala pausada. Jovem muito jovem , ao redor dos 24 anos, cabelos imensos, amarrados e com um grande olhar por traz dos óculos redondo, uma figura de cinema.

Henry , acompanhava, e também levava uma calma no semblante e nos gestos , era um garoto magro e alto com olhar puro; idade também ao redor dos 20 e poucos anos.

Num dos dias seguintes eles convidaram todo o pessoal para uma reunião em sua casa , que ficava na continuação da Rua Grande , após o valão.

Estava surgindo ali um alimento independente para o cérebro, que depois eu descobri.

Tudo começou exatamente numa terça-feira, o Tony foi fazer uma apresentação com o Gelson em Porto Alegre , um pré lançamento do disco “Terra”, e não teve ensaio naquele dia.

Saí da empresa em que trabalhava em Porto, e fui direto pra casa da Cell em São Léo, tinha o endereço e o mapa da mina.

O pessoal meio que não tomou conhecimento daquele convite , passou batido.

Oito horas , cheguei naquela casa alta , de paredes imensas,a frente de pedra sabão , tive que olhar para cima para ter uma noção da altura, parecia uma montanha.

Não me senti um lobo isolado, pelo contrário, cheguei com prudência, apertei a campainha e apareceu a Cell, toda de branco com colares coloridos em grande número.

Ela ficou um pouco surpresa, não acreditou que eu iria, e me deu parabéns , e disse :- Você é curioso , isto é bom ! Não vai se arrepender !

Entramos pela garagem, passamos pelo jardim com iluminação baixa e seguimos um bom pedaço até entrar na casa alta , que eu comecei a chamar de “Montanha Azul”.

Eu ali, num estado de sábia inocência, sem atitudes defensivas, quando passei pela porta de entrada que era ao lado, subimos por uma escada de madeira forte , e chegamos numa sala da parte de cima da casa.

Naquele pequeno espaço de tempo que foi do pátio interno até a sala do 2º andar, Cell disse :- Necão tudo que procuramos também esta à nossa procura, e que se ficarmos quietos, o que procuramos nos encontrará.
                                            Continua...