quinta-feira, 28 de agosto de 2014

O LOBO DA ESTEPE DE URUGUAIANA*



BEBETO ALVES 

– Exército De um Homem Só -

                                                         by* Necão Cast– 
                                                                     realidade&ficção

.

O músico e artista Bebeto Alves se adapta a títulos de grandes escritores do Rio Grande ; Moacyr Scliar ,(contista & cronista)  O Exército de um Homem Só – Mês de Cães Danados – Os Voluntários  - Tempo de Espera  & Os Mistérios de Porto Alegre .

Me faz  lembrar também, o romancista Tabajara Ruas com sua obra jornalística - A Cabeça de Gumercindo Saraiva , uma história da Revolução Federalista de 1893 .

 Me vem a cabeça também o contista e jornalista Caio Fernando Abreu , que me faz viajar pelo lado urbano que é o forte de Bebeto com suas alquimias entre o folk e as vitrinas espatifadas do Bom Fim, numa sexta feira sem privilégios aos jovens de Porto Alegre.


 O livro do Caio que me leva a esta parceria cósmica é - Os Dragões não Conhecem o Paraíso.

Muitos outros embarcam nesta viajem de Bebeto; Lya Luft com  - O Exílio ; o Pozenato com – O Universal e o Regional na Literatura Gaúcha ; o Noll com – Harmada ; o Cheuiche  com – Versos do Extremo Sul ; e o Assis Brasil com – Pedra da Memória.



Bebeto é um artista inquieto na música e nas palavras , um dia de verão ele arremessou nas paredes do centro de Porto Alegre uma frase que mostra seu ímpeto e sua verdade :
 -  Porto Alegre é uma cidade viciada em Folha de São Paulo. 

A mais pura verdade , pois o nosso jornal mais “famosinho” , dito pelos jornalistas que trabalham lá , confirmam diariamente este fato  até hoje , pois sempre citam a Folha de São Paulo como norte de mão única.

Guerreiro urbano que muitas vezes faz concessões pra seus amigos , posto que ninguém é de ferro ; grava discos de coletânea – mpg (música popular gaúcha) para dar um empurrão em seus parceiros de produção .


Ele nunca levantou esta bandeira – em suas entrevistas sempre deixou claro que nosso estado é muito radical e conservador em se tratando de música regional e nativista .

Bebeto sempre teve em mente em projetar todo este universo musical do Sul,  para um mundo mais real, mais lúcido .

Bebeto ao lado do jornalista  Juarez Fonseca seu grande incentivador.

Bebeto é um pioneiro em delicadas armações de arranha-céus musicais não terminados em Porto Alegre, por intransigências de “cães danados” da cultura da cidade e do estado.

Desde o tempo do “Utopia” , banda que tinha um “Front Natural” criativo / contemporâneo,  que esta luta começou , mais precisamente nos anos 70.


 

Seu primeiro disco solo, “Bebeto Alves”, é de 1981, mais tarde seguido por “Notícia Urgente”. Sempre buscou explorar músicas típicas do Rio Grande do Sul, como ranchos, toadas e milongas, levando sempre uma pitada do novo em termos de música e letra.

 Um de seus maiores sucessos foi “Quando Eu Chegar”, lançado em compacto em 1984. Ao longo da década de 80 incorporou ao seu estilo elementos pop, utilizando teclados, baixo elétrico, bateria eletrônica.




. Seus discos seguintes — “Novo País”, “Pegadas”, “Danço Só”, “Milonga de Paus”, “Paisagem” — mesclam a milonga e os ritmos gaúchos a diversos estilos como rock, reggae, pop e eletrônico.


BEBETO & GESSINGER

 Nos anos 90 participou de uma trilogia dedicada à obra do compositor regionalista gaúcho Mauro Moraes, ao lado de outros músicos como Marcello Caminha, Clóvis “Boca” Freire, Lucio Yanel.

 Integrou ainda o time de músicos que participou do disco “Porto Alegre Canta Tangos”, lançado inicialmente na Argentina.

 Em 2000, junto com o lançamento de “Bebeto Alves Y La Milonga Nova” (cujo show percorreu cidades européias), teve alguns discos de carreira.


JUNTOS - Nelson*Bebeto*Gelson*Antônio

Participou de várias coletâneas e também de uma história musical com seus amigos músicos /compositores - que foi o lançamento de um CD _]- “ Juntos” com seus parceiros –Nelson Coelho de Castro ,Antonio Vileroy,  Gelson Oliveira, - músicos de grande atuação no sul do Brasil e que seguram de uma certa forma toda cultura urbana  desde os anos 70 - que já passou e passa por transtornos no contexto cultural da “coisa” que não transita , em um estado que tem um grande mercado de música e os músicos urbanos não vendem discos.


Bebeto Alves sempre foi um vanguardista, mostrando sempre a chave da luz , a janela aberta da cultura latino americana que até hoje nos espera com as chaves douradas de suas cidades e, que poucos sabem.


A imortalidade descarnada -  através da música,  só se consegue com os lobos da estepe, que não podem ser contidos que vivem muitas vezes na solidão em toda excelência de seu excesso, com o peso do mundo em suas costas em pleno estado de ardente pureza .

Bebeto faz parte deste Bando  -  VIVA ! 

DISCOGRAFIA

  • (2004) Blackbagualnegovéio • UPA • CD
  • (2004) Mais uma canção • UPA • CD
  • (2004) Voltas • UPA • CD
  • (2002) Juntos Dois- Povoado das Águas • Atração • CD
  • (2001) Paralelo 30-Ontem e Hoje • Unisinos • CD
  • (2000) Bebeto Alves y la milonga nova • Antídoto • CD
  • (2000) Porto Alegre canta tangos • EPSA Music (Argentina) • CD
  • (1999) Milongamento • USA Discos • CD
  • (1998) Juntos ao vivo • RBS Discos/RGE • CD
  • (1997) Mandando lenha • USA Discos • CD
  • (1994) Milongueando uns troços • RGE • CD
  • (1993) Paisagem • Camerati • CD
  • (1991) Milonga de paus • Retaguarda • CD
  • (1988) Danço só e fico assim mais oriental me invento toda manhã • Nova Trilha/Polygram
  • (1987) Pegadas • Retaguarda/Continental • LP
  • (1985) Novo país • RBS Discos/Som Livre • LP
  • (1984) Quando eu chegar • Warner • Compacto simples
  • (1983) Notícia urgente • Elektra/WEA • LP
  • (1981) Bebeto Alves • Epic/CBS • LP
  • (1978) Paralelo 30 • Isaec/Unisinos • LP 


  • DEVORAGEM 
  •                                      Bebeto Alves* 


O círculo do poder retesou
Papel pega-mosca
Dinheiro de plástico
Cabo de aço 
Anônimo, fundo falso
E  um depoimento
Sem nenhum valor
Ai valor!

Eu te dou um sorriso estampado
Com a cara no tempo
O olho rasgado
No horizonte aramado de gaza
Contrito e envergonhado
Num vagão de metrô
Num vagao de metrô

Vertical,  incisivo,
Grosseiro é teu traço.
O sexo , a arte
O centro, o periférico,
O belo, o balaço,
A palavra , o trágico.
Num mundo conversor.

No passaporte
Este tempo selvagem
Bate e mistura bem
O veneno é Brasil...
Diminui um a mais
Somos mais um a menos
O continente africano

Eu devolvo a europa
Não me chamo américa
Transbordo tudo
Eu fora da linha, no alvo,
Não salvo, nem morro,
Não sou cultura, nem nada,
Só te quero vivo.

Vivo, vivo na devoragem, Na tradução na tradução dessa dor.





 
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