sexta-feira, 2 de outubro de 2015

" Se uma luz não ilumina - Não há jeito de brilhar " .



JERÔNIMO JARDIM* DURANTE O ZEN


“Pra não dizer que não falei de flores, o que é verdade..., vou falar
agora de jardim...!”


JERÔNIMO JARDIM*


Não vou falar o que já falaram no ponto de vista do que já foi publicado.
Toda história tem um éter mutável e vivo, só sei que pouca coisa eu sei, mas não é, em círculos , na verdade é,  em hélice ,foi acionado pelas ruas, jornais , livros, rádio, discos e nada mais...!



PENTAGRAMA

A primeira vez que vi Jerônimo Jardim foi no de 1976 , me lembro que foi na entrada do edifício da Rádio Continental na rua da Praia.

Lá estava Loma , o Ivaldo Roque com um violão a tiracolo e o Jerônimo.
Pentagrama era o nome do grupo, o Ivaldo Roque mandava um violão muito legal, a Loma era uma menina com cabelo bem curto (afro), e com um sorriso de extrema pureza, bela - era muito linda.

O Jerônimo com uma tira na testa (vincha),  o Ivaldo era um garoto muito sério , pelo menos aparentava isso.

O som do Grupo tinha um timbre Edu Lobo e os vocais lembrava também aquela armação vocal da Marília Medalha, que naquele tempo já tinha participado com o Edu dos festivais de MPB da Record.

O Pentagrama em Porto Alegre foi um grupo “lançador de foguete”, um som contemporâneo com uma pitada de esquerda, muito parecido com o vôo de um grupo que apareceu muitos anos depois , mas com a mesma intenção intelectual  que foi o Tambo do Bando.

Aqueles tempos era uma geléia geral em matéria de notícias - Síndrome do Vietnã do Norte, Saigon, Watergate, o levante de Soweto e a Radio Continental de Porto Alegre.



 O Pentagrama do Jerônimo foi o início de sua carreira , podemos marcar os anos 70 como ponto de partida de sua vida artística.
Naqueles tempos Porto Alegre tinha sol, produzido por seus artistas , e Jerônimo era uma destas tochas com sua presença sempre inquieta.

Na verdade o século XX foi um século americano e também um século do desafio comunista, a gente se envolvia direta ou indiretamente nestes assuntos mesmo tocando violão e fazendo vocal na Continental e no Teatro de Arena.

Jerônimo construiu muito coisa dentro destes anos da “Era dos Extremos”.


Eu não acompanhei tudo , por isso estou tendo um olhar sobre Jerônimo, dentro da minha capacidade daqueles anos em que eu olhava a distância, mas sempre ligado naquelas histórias de “Tapete Mágico” , em que todos nós vivíamos.

A Califórnia da Canção de Uruguaiana , Ayrton do Anjos, Luís Coronel , Geraldo Flack , Toneco da Costa, Sepé Tiarajú de Los Santos, Pedrinho Figueiredo, Elis Regina,  Lucinha Lins, foram nomes que estiveram com Jerônimo Jardim e voaram com ele no “Tapete Mágico”.


Um brilho especial para sua Clair Jardim, companheira de um animus devotado , dito pelo próprio Jerônimo.


1981 – PURPURINA*

A década de 80 viveu a época do desemprego , novos setores de tecnologia-ultra –sofisticada foram insuficientes para absorver os operários demitidos, e a música Purpurina obra maior de Jerônimo Jardim , no meu modo de entender música , levou a  “Mãe de todas as Vaias” no Rio de Janeiro.

Engraçado que aquela vaia foi uma reação neoconservadora que acompanhou toda década de 80.

O thatcherismo inglês foi o paradigma de tal modelo. A Era Regan confirmou a reação conservadora que já vinha se operando e, Purpurina sofreu as armadilhas daqueles tempos
de ... “nenhum canto se elevará”.

O tempo seria o tiro do ser , as flechas daquele dia foram silenciadas e Purpurina se transformou numa canção que Tom Jobim não fez.


Jerônimo Jardim jogou um pouco de ouro , com sua obra no solo de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul

Salve Mestre !

A harmonia de "Se você só chega por chegar /
Nem uma lanterna no olhar/Nosso show não pode acontecer/
Sem o palco se ascender/ Eu não vou representar/...
é na minha opinião um dos mais belos desencadeamentos de acordes
da MP de todos os tempos ...coisa de gênio !

Purpurina
                      Jerônimo Jardim
  Se você pensa que vai me seduzir
Se você pensa que vai me arrepiar
Pode ser, mas eu sou feito purpurina
Se uma luz não ilumina
Não há jeito de brilhar

Se você só chega por chegar
Nem uma lanterna no olhar
Nosso show não pode acontecer
Sem o palco se acender
Eu não vou representar

Se você pensa que vai me seduzir
Se você pensa que vai me arrepiar
Pode ser, pois eu sou feito bailarina
Se a ribalta se ilumina
Fico roxa pra dançar

Se você pensa que vai me seduzir
Se você pensa que vai me arrepiar
Pode ser, mas eu sou feito purpurina
Se uma luz não ilumina
Não há jeito de brilhar

Pode ser, pois eu sou feito bailarina
Se a ribalta se ilumina
Fico roxa pra dançar.

OBRA


·         Abolerado blues (c/ Geraldo Flach)
·         Amsterdã (c/ Timóteo Lopes)
·         Astro haragano
·         Baba do Chico (c/ Paulinho Tapajós)
·         Cama desfeita
·         Cartas digitais (c/ Clair Jardim)
·         De viva voz
·         É isso aí
·         Eu vim do Sul
·         Lenha na fogueira (L`huile sur le feau) (c/ Clair Jardim)
·         Milonga (c/ Raul Ellwanger)
·         Minha nega
·         Moda de sangue (c/ Ivaldo Roque)
·         Não há mais chão
·         O amor é assim (c/ Luiz Coronel)
·         Perdoar
·         Purpurina
·         Se eu tô na boa
·         Sinto muito (c/ Greice Morelli)
·         Vento e pó
·         Violão, meu Violão



·         DISCOGRAFIA
·          

·         (2011) De viva voz (Jerônimo Jardim) - CD
·         (2003) Quando a noite vem • CD
·         (2000) Estação • Virtual Musix • CD
·         (1997) Digitais • RBS/RGE • CD
·         (1985) Terceiro sinal • RBS/Som Livre • LP
·         (1982) Jerônimo Jardim • PolyGram • Compacto simples
·          
·         (1978) Jerônimo Jardim • Isaec • LP
·         (1977) Grupo Pentagrama • Continental • LP


                                                                          Shows



·          
·         Rio Grande do Som. Teatro da República, PA.
·         Transas & Milongas. Teatro da Assembléia, PA.
·         Pentagrama em Pauta. Turnê pelo Rio Grande do Sul.
·         Suor e Sal. Circo do Pernambuco. Porto Alegre, RS.
·         Gira da Canja. Teatro da Assembléia. Porto Alegre, RS.


Em tempo


Jerônimo & Amigos na gravação de seu mais recente
CD/DVD Singular & Plúrino - Aguarde o lançamento. 

Entre seus parceiros mais constantes, destacam-se Ivaldo Roque, Geraldo Flach, Luis Coronel, Raul Ellwanger, Nana Chaves, Paulinho Tapajós, Toneco da Costa, Bebeco Jardim, Jaime Vaz Brasil, Peri Souza, Antônio Carlos Machado e Sérgio Napp.

Constam da relação dos intérpretes de suas composições artistas como Elis Regina, Lucinha Lins, Paulinho Tapajós, Lúcia Helena, Suzana Bello, Flora Almeida, Loma, Muni, Victor Hugo, Neto Fagundes, Leopoldo Rassier, Cenair Maicá, Peri Souza, Raul Ellwanger, Grupo Quero-Quero, Ângela Jobim, Greiceh Monrelli, Henrique Mann e João de Almeida Neto. Lançou, em 2011, o CD “De viva voz”, contendo suas composições “Cartas digitais” e “Lenha na fogueira (L`huile sur le feau)”, ambas com Clair Jardim, “Sinto muito” (c/ Greice Morelli), “O amor é assim” (c/ Luiz Coronel), “Amsterdã” (c/ Timóteo Lopes), “Violão, meu violão”, “Minha nega”, “Perdoar”, “Cama desfeita”, “É isso aí”, “Se eu tô na boa”, “Não há mais chão” e a faixa-título, além de “Acordei em Madureira” (Ciro Vaz e José Ducos).

Publicou cinco livros infanto-juvenis: "Cri-Cri, o grilo gaudério" (Editora Tchê), "O Clube da Biblioteca contra a Bruxa Pestiléia" (Editora Vozes), "A revolta dos pincéis" (Editora Vozes), "Titinho e os tênis mágicos" (Editora LP&M) e "Sob fogo cruzado" (Editora LP&M).

Jerônimo Jardim